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Jesuítas do Brasil prestam solidariedade à CNBB

Jesuítas do Brasil prestam solidariedade à CNBB após ataques de deputado

Durante sessão na Alesp, deputado Frederico D’Avila (PSL) disparou uma série de impropérios e ataques contra o papa Francisco, dom Orlando Brandes e a própria CNBB

O deputado estadual Frederico D'Avila (PSL-SP)

O deputado estadual Frederico D’Avila (PSL-SP) (José Antonio Teixeira/Alesp)

A Província dos Jesuítas do Brasil lançou uma nota de solidariedade à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ao arcebispo de Aparecida dom Orlando Brandes e ao papa Francisco em razão dos ataques a eles cometidos pelo deputado bolsonarista Frederico D’Avila (PSL-SP) na última quinta-feira (14).

Em um discurso inflamado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Frederico D’Avila desferiu vários impropérios a respeito de dom Orlando, citando sua fala na celebração do Dia de Nossa Senhora Aparecida, em que disse que “para ser pátria amada, não pode ser pátria armada” – uma indireta à cultura armamentista propagada pelo atual governo brasileiro. Para o deputado, tanto a CNBB, quanto o arcebispo e o próprio papa são “vagabundos e imundos”.

Ainda nesse domingo, a CNBB enviou uma carta aberta destina à Alesp, exigindo punição às “as abomináveis agressões proferidas pelo deputado estadual”.

Confira na íntegra a nota dos Jesuítas do Brasil

A Província dos Jesuítas do Brasil vem a público prestar sua solidariedade a dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida, à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao papa Francisco, que, nos últimos dias, têm sido vítimas de ataques de ódio descontrolado. Somos solidários porque acreditamos que jamais os discursos de amor ao próximo, como nos ensinou nosso mestre Jesus Cristo, podem ser calados por palavras que pregam a morte e a escuridão. Lembremo-nos, sempre, que não há vida nas trevas.

Assim como disse dom Orlando Brandes, em sua celebração em 12 de outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, o povo precisa abraçar as crianças, os pobres, os índios e as autoridades “para construir um Brasil pátria amada”, completando que, “para ser pátria amada, não pode ser pátria armada”.

Sim, acreditamos na vida, no amor, na amizade social, na construção de pontes em vez de muros, como o papa Francisco tem nos inspirados desde o início do seu Pontificado. Precisamos urgentemente ser contraponto ao discurso que naturaliza a morte e a violência, como se fossem a saída para a construção de uma sociedade democrática. O ódio e a violência NUNCA construirão um caminho para nada de bom e para nada construtivo; nos levarão apenas para o precipício junto com aqueles que acreditam que devemos viver divididos.

Nós, cristãos, e todos aqueles que creem no avanço civilizatório, na democracia, na amizade social e na união dos diferentes precisamos estar cada vez mais unidos e cientes do nosso papel de reverberar o amor e a tolerância, para que, nesse gesto de desarmamento da intolerância, possamos ajudar na desconstrução do discurso de ódio. Sabemos que uma sociedade justa e fraterna, que respeita as diferenças, é a única base em que a democracia pode estar assentada!

Alertamos os católicos que não se deixem seduzir por discursos que, sem o mínimo respeito à sabedoria dos anciãos, atacam os pastores que conduzem nossa Igreja no Brasil e no mundo. Nenhuma divergência de ideias pode justificar insultos a homens que dão a sua vida por amor ao Evangelho de Jesus e ao povo santo de Deus.

Assim, por acreditar na força do amor fraterno, por acreditar nos valores do entendimento, da fraternidade e da construção da paz, não queremos estimular as desavenças, mas esclarecer que o bem comum não se harmoniza com discursos violentos e extremistas, mas só pode ser conquistado pelo diálogo e pelo respeito mútuo. Somos seguidores de Jesus Cristo, que nos ensinou a amar, e assim daremos continuidade à nossa missão de justiça e paz.

Mais uma vez, como jesuítas do Brasil, prestamos nossa solidariedade ao papa Francisco, à CNBB e a dom Orlando Brandes. Sejamos luz e amor onde o ódio teima em prosperar!

Rio de Janeiro, 17 de outubro de 2021
Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ
Provincial da Companhia de Jesus no Brasil

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Fonte: Jesuítas Brasil/Dom Total

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