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Comunidade andina clama à Pachamama pelo fim da pandemia

Na Bolívia, comunidade andina clama à Pachamama pelo fim da pandemia

O mês de agosto é tradicionalmente dedicado à Pachamama e generosas ofertas são feitas à Mãe Terra em agradecimento as graças recebidas

Imagem de cerimônia na cidade de Tiwanaku, na Bolívia, em 21 de junho de 2021

Imagem de cerimônia na cidade de Tiwanaku, na Bolívia, em 21 de junho de 2021 (Aizar Raldes / AFP)

A comunidade andina boliviana começou agosto com insistentes orações pelo fim da pandemia de Covid-19. O mês tradicionalmente é dedicado à Pachamama e generosas ofertas à Mãe Terra agradecem as graças recebidas.

“As pessoas não pedem tanto riqueza, mas saúde, para ter calma, para não adoecer. Em segundo lugar está a questão econômica”, explica a curandeira Eli Laura. La Cumbre, a 12 km da cidade de La Paz, é o ponto mais alto da rodovia que liga o planalto com a zona tropical dos Yungas.

A comemoração deste ano foi caracterizada por fortes nevascas o que, segundo o público, é um sinal de bom presságio. “O costume é chegar no dia primeiro de agosto. Às 12h, a Pachamama abre a boca e temos que agradecê-la com a oferenda”, diz Antonia Quispe, outra curandeira, que explica que além de prosperidade e sucesso nos negócios, pede-se que a Covid-19 “desapareça e que a Pachamama coma a doença”.

Mulheres curandeiras

A celebração deste ano trouxe uma novidade: a presença de várias curandeiras que atuam como sacerdotisas e presidem cerimônias, desempenhando funções que antes eram masculinas.

“A mulher tem mais coração”, comenta Eli Laura. As ofertas consistem em flores, frutas, ervas aromáticas, doces, lã colorida e tiras de papel brilhante. “As flores vermelhas são para sorte e amor e as brancas para saúde”, explica Denélio Flores, um dos participantes.

Instalada em um altar improvisado construído com pedaços de madeira, que logo queimarão, a oferenda é temperada com doces, açúcar e canela em pó que aludem à prosperidade e que respondem à crença de que a Pachamama gosta de açúcares.

As sacerdotisas borrifam as oferendas com álcool, cerveja e refrigerantes, invocando os espíritos andinos ou Achachilas e derramando parte do conteúdo no chão (ch’alla) como forma de compartilhar a celebração com a Mãe Terra.

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A espuma das cervejas e dos refrigerantes é colocada nas mãos dos participantes, uma forma simbólica de compartilhar a prosperidade. “Colocar nas mãos é um símbolo de que (a Pachamama) está nos dando o dinheiro. Você recebe e guarda no bolso para você”, diz William Cori, um dos presentes.

As curandeiras usam menos formalidades do que os homens, o que torna a cerimônia mais familiar. Após as bênçãos, o altar é incendiado e o vento se encarrega de atiçar as brasas. Se as chamas acendem de imediato e se apagam rapidamente significa que a Pachamama está satisfeita com a oferta.

Fonte: AFP/Dom Total

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