Joe Biden vence Donald Trump e é eleito o novo presidente dos Estados Unidos.
Mesmo sem o resultado final no Arizona, vitória democrata é certa após ganhar na Pensilvânia
Vitória Democrata.
Depois de cinco dias de espera e incerteza e uma tensa expectativa em todo o mundo pelo resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos, o país terá um democrata no comando da Casa Branca pelos quatro próximos anos. A princípio, Joe Biden, vice-presidente de Barack Obama por oito anos e senador veterano, alcançou a maioria de 270 delegados no Colégio Eleitoral, praticamente selando sua eleição como o 46º presidente dos EUA.
A vitória confirmada neste sábado (7) no Estado da Pensilvânia garantiu 273 delegados no colégio eleitoral ao Democrata, mais do que os 270 necessários para assumir a presidência, conforme as projeções das emissoras de TV americanas CNN, CBS e NBC.
A disputa acirrada em Estados-chave foi levada à Justiça por Trump, que argumenta ter havido fraude na eleição, sem apresentar provas. O republicano pede recontagem de votos no Wisconsin, onde Biden ganhou com cerca de 20 mil votos a mais, margem de vantagem semelhante ao que Trump obteve no Estado em 2016.
Os números são controversos, pois há divergência na contagem no Arizona. O estado é o motivo de certa confusão, pois a apuração não foi concluída. As projeções já apontam Biden como vencedor no Arizona, mas o resultado não é oficial. Porém, a virada confirmada na Pensilvânia garante a vitória do Democrata, sem precisar de votos do Arizona.
A diferença ocorre pelo fato de que alguns veículos de imprensa (como o New York Times e o Washington Post) ainda não contabilizam os 11 votos do estado. Outros veículos, como a agência Associated Press e a Fox News, esta de tendência republicana, já computam os 11 delegados para Biden, causando o disparate na soma de 253 para 264 delegados no Colégio Eleitoral para o democrata.
O complexo sistema eleitoral americano – bastante singular e arcaico, na verdade – estabelece que cada estado tem um número de eleitores no Colégio Eleitoral, os chamados votos eleitorais. Ainda restam cinco estados para anunciar o resultado, cada um com um número próprio de delegados, escolhidos em bloco: o controverso Arizona (11 delegados), o Alasca (3), a Carolina do Norte (15), e a Pensilvânia (20).
Recontagem
O secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, afirmou nessa sexta-feira (6) que o Estado fará a recontagem dos votos. As estatísticas apontam empate de 49,4% dos dois candidatos na Geórgia, com 98% das urnas apuradas.
Contestações de Trump em outros Estados foram recusadas pela Justiça.
Na noite de quinta-feira (5), em um pronunciamento em rede nacional, Trump voltou a dizer, sem apresentar provas, que havia vencido com os “votos legais” e os democratas estavam tentando “roubar a eleição”. Juízes da Geórgia, Michigan e Pensilvânia negaram pedidos da campanha do republicano. No Wisconsin, a solicitação de recontagem está indefinida.
Retomada
A campanha de Biden conseguiu recuperar parte do chamado Cinturão da Ferrugem que fez de Trump presidente em 2016 e abrir espaços no Cinturão do Sol, tipicamente republicano. Mas a diferença foi mais apertada do que as pesquisas indicavam.
Conforme analistas alertaram nas semanas anteriores à votação, Estados decisivos registraram uma virada democrata no curso da apuração dos votos, quando as cédulas pelo correio foram contabilizadas.
O eleitorado do partido é mais propenso a votar de maneira antecipada e, neste ano, a votação pelo correio bateu recorde em razão da pandemia do novo coronavírus, com mais de 101 milhões de votos antes do dia da eleição. O comparecimento americano na disputa entre Trump e Biden foi o maior em um século.
Os democratas esperavam que a contabilização dos últimos votos na Pensilvânia garantisse a maioria também no Estado, pelo simbolismo da região onde Biden nasceu e investiu a maior parte dos esforços de campanha na reta final.
A previsão de que os democratas ganhariam espaço com a ampliação do voto pelo correio e comparecimento recorde é o que motiva os ataques de Trump ao método de votação amplamente empregado no país. Por isso, o presidente argumentou que a contagem deveria ser paralisada, mas sem apresentar evidências de problemas na contagem dos votos.
O presidente perdeu o apoio entre as regiões identificadas pelo operariado branco de classe média em 2016, com as vitórias de Biden na Pensilvânia, seu Estado natal e onde investiu maior esforço de campanha na reta final, Wisconsin e Michigan. O democrata também tem vantagem na apuração até agora em Estados do sul que eram pilares do conservadorismo, como Geórgia e Arizona.
Desde 1972, a Geórgia só tinha votado em presidentes democratas três vezes, quando os candidatos eram os sulistas Bill Clinton, em 1992, e Jimmy Carter, nascido na Geórgia, em 1976 e 1980. O Arizona só havia votado uma vez em um presidente democrata desde 1948.
Já no Cinturão da Ferrugem, o Michigan tornou-se o símbolo de como Trump ganhou de Hillary Clinton em 2016. Na época, ele teve apenas 10 mil votos a mais do que a democrata, o que fora suficiente para ganhar os 16 delegados estaduais, em linha com o que aconteceu na disputa passada na Pensilvânia, Ohio e Wisconsin.
Mais velho
Biden será o presidente mais velho a tomar posse nos EUA, com 78 anos – os quais completará no próximo dia 20. Ele foi eleito por um forte sentimento de aversão a Trump entre parte da sociedade americana, que decidiu que o presidente não merece mais um mandato no comando do país.
O ex-vice de Barack Obama se apresentou como a solução para curar o país da crise de saúde, provocada pela pandemia de coronavírus, e também da extrema polarização social que divide os americanos. Para isso, prometeu restaurar o compromisso dos EUA com princípios fundadores da sociedade americana, com uma plataforma de busca pela restauração da integridade e da normalidade. O maior desafio que se apresenta ao democrata é a contenção da segunda onda de coronavírus e a reversão da crise econômica.
Com o país com o maior número de mortos por covid-19 e uma recessão comparada apenas à Grande Depressão, Biden ganhou força e articulou o apoio com a ala mais à esquerda da legenda. Em junho, na onda de protestos contra o racismo e violência policial, o democrata abriu a maior vantagem contra Trump na disputa e manteve o patamar até o fim.
Trump começou a campanha como favorito à reeleição, mas a pandemia de coronavírus mudou o curso político nos EUA. A maioria dos americanos avalia mal a forma como o atual presidente lidou com a pandemia.
Político há 47 anos, Biden dedicou a carreira à vida pública, com seis mandatos no Senado e 8 anos como vice de Obama. Com uma vida marcada por tragédias pessoais e superações, sua empatia e proximidade com o eleitorado viraram um forte ativo em uma campanha feita no curso de uma pandemia que matou 230 mil americanos. A campanha pouco empolgante de Biden, vista inicialmente como um desafio para levar os jovens do partido às urnas, virou trunfo junto a uma parte do eleitorado cansada de polarizações.
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O Reitor da Escola de Direito Dom Helder Câmara, Prof. Dr. Paulo U. Stumpf SJ, emitiu a seguinte nota:
“Biden, o presidente mais votado da história dos EUA; Harris, afro-americana, a primeira vice-presidente dos EUA!
Na esteira de Barack Obama, desejamos que Biden resgate a confiança na democracia, na defesa dos Direitos Humanos, numa sociedade pluralista que respeita a diversidade religiosa, política, sexual e cultural e promove o compromisso com a defesa do meio ambiente!
‘Vidas negras valem!’
‘Tirem os joelhos brancos dos pescoços negros!’
‘Parem de perseguir e matar nossos jovens negros!’
‘Chega de perseguir imigrantes e refugiados!’
‘Parem de promover a violência e a intolerância!’
‘Basta de políticas da morte, das armas que matam, da irresponsabilidade e deboche diante do sofrimento de nosso povo provocado pela pandemia que já matou milhões de pessoas!’
Esses gritos que subiram aos céus hão de repercutir em políticas públicas pautadas pela ética, pela solidariedade e empatia!
De Biden, como presidente católico democrático dos EUA, esperamos que represente também junto à sua nação e nas relações internacionais as inspirações do Papa Francisco de uma opção fundamental pela vida de todos os seres humanos; de defesa da vida em todas as suas formas e expressões; de promoção de um mundo em que todos sejamos irmãos e irmãs, todos(as) filhos e filhas da mesma e universal família humana, habitantes da mesma casa comum!”
(Nota subscrita pelo Reitor da EMGE – Escola de Engenharia, Prof. Dr. Franclim J. Sobral de Brito)
Fonte: Pablo Pires/ Agência Estado
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