Longo tropeço em declive.
Longo tropeço em declive – Colocar deliberadamente em risco a vida de milhares de cidadãos por uma disputa política rasa é crime que precisa ser entendido e tratado como tal.
Assistiremos ao veto da vacina, impávidos?
Por mais que não se queira repercutir as opiniões e atitudes da criatura que ocupa o cargo maior da nação, é impossível não manifestar o horror, a inconformidade, a recusa à incivilidade, à irresponsabilidade, à gravidade de suas recentes falas a respeito do veto à compra da Coronavac pela Anvisa, em função da abjeta argentária relação política, crivada de ciúmes e intrigas, com o antigo aliado da chapa “BolsoDória”, cuja composição efêmera e oportunista fala por si mesma.
Colocar deliberadamente em risco a vida de milhares de cidadãos por uma disputa política rasa é crime que precisa ser entendido e tratado como tal.
Parece não lhe bastar as milhares de mortes em função de seus maus exemplos e gestos na direção contrária à Ciência e ao bom senso, com sua predileção na propagação de fake news, na falácia de sua gripezinha, tendo a favor estruturas médicas e hospitalares exclusivas.
Assistiremos ao veto da vacina, impávidos? Continuaremos como testemunhas passivas de vidas desperdiçadas em massa? Sofreremos e nos indignaremos em nossos ambientes domésticos restritos?
Permaneceremos chocados, imóveis, frente às cenas de roubo de dinheiro público, do combate à Covid, desviado e encontrado no fedorento traseiro de um senador repugnante, corrupto, integrante destacado do Conselho de Ética de um Senado servil?
O facínora-mor continuará com seu parco vocabulário e extensa bestialidade nos testando até o limite do inimaginável? A caserna em silêncio trocou a sua missão precípua pelo compadrio dos cargos e bônus salariais? Deixou de defender a Pátria para se aliar, in totum, ao aparvalhado?
Que país é esse? Aquele que o velho sábio poeta, em seu Código Nacional de Trânsito, escrito com coragem e maestria, há décadas, já descrevia:
não ultrapasse
quando a faixa for contínua
não ultraje a pátria
quando a farsa for contínua
não vire a página
quando a farsa for contínua
não pule a pauta
quando a farsa for contínua
não mude a prática
quando a farsa for contínua
O título deste artigo e o poema foram extraídos do Código Nacional de Trânsito, de Affonso Ávila, 1971-1972.
*Jornalista
Fonte: Dom Total
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