Liturgia Diária 8 – TERÇA-FEIRA
SÃO DOMINGOS – PRESBÍTERO E FUNDADOR
Os sinais de Jesus se multiplicam e a missão tornar-se fecunda.
Estes são os santos que receberam a bênção do Senhor e a misericórdia de Deus, seu salvador. É a geração dos que buscam a Deus (Sl 23,5s).
Domingos nasceu na Espanha em 1170 e faleceu na Itália em 1221. Ordenado presbítero, dedicou-se aos estudos de filosofia e teologia e às práticas de piedade. Estudioso da Bíblia e grande pregador, fundou a Ordem dos Pregadores, os Dominicanos, com a finalidade de anunciar a Boa-nova ao mundo. Foi entusiasta da oração popular do rosário. A seu exemplo, proponhamo-nos anunciar, com coragem e dignidade, o Evangelho da salvação.
Primeira Leitura: Números 12,1-13
Leitura do livro dos Números – Naqueles dias, 1Maria e Aarão criticaram Moisés por causa de sua mulher etíope. 2E disseram: “Acaso o Senhor falou só através de Moisés? Não falou, também, por meio de nós?” E o Senhor ouviu isso. 3Moisés era um homem muito humilde, mais do que qualquer outro sobre a terra. 4Então o Senhor disse a Moisés, Aarão e Maria: “Ide todos os três à tenda da reunião”. E eles foram. 5O Senhor desceu na coluna de nuvem, parou à entrada da tenda e chamou Aarão e Maria. Quando se aproximaram, ele lhes disse: 6“Escutai minhas palavras! Se houver entre vós um profeta do Senhor, eu me revelarei a ele em visões e falarei com ele em sonhos. 7O mesmo, porém, não acontece com o meu servo Moisés, que é o mais fiel em toda a minha casa! 8Porque a ele eu falo face a face; é às claras, e não por figuras, que ele vê o Senhor! Como, pois, vos atreveis a rebaixar o meu servo Moisés?” 9E, indignado contra eles, o Senhor retirou-se. 10A nuvem que estava sobre a tenda afastou-se e, no mesmo instante, Maria se achou coberta de lepra, branca como a neve. Quando Aarão olhou para ela e a viu toda coberta de lepra, 11disse a Moisés: “Rogo-te, meu Senhor! Não nos faças pagar pelo pecado que tivemos a insensatez de cometer. 12Que Maria não fique como morta, como um aborto que é lançado fora do ventre de sua mãe, já com metade da carne consumida pela lepra”. 13Então Moisés clamou ao Senhor, dizendo: “Ó Deus, eu te suplico, dá-lhe a cura!” – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 50(51)
Misericórdia, ó Senhor, porque pecamos!
1. Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! / Na imensidão de vosso amor, purificai-me! / Lavai-me todo inteiro do pecado / e apagai completamente a minha culpa! – R.
2. Eu reconheço toda a minha iniquidade, / o meu pecado está sempre à minha frente. / Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, / e pratiquei o que é mau aos vossos olhos! – R.
3. Mostrais assim quanto sois justo na sentença / e quanto é reto o julgamento que fazeis. / Vede, Senhor, que eu nasci na iniquidade / e pecador já minha mãe me concebeu. – R.
4. Criai em mim um coração que seja puro, / dai-me de novo um espírito decidido. / Ó Senhor, não me afasteis de vossa face / nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! – R.
Evangelho: Mateus 14,22-36
Aleluia, aleluia, aleluia.
Mestre, tu és o Filho de Deus, / és rei de Israel! (Jo 1,49) – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Depois que a multidão comera até saciar-se, 22Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. 23Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho. 24A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. 25Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. 26Quando os discípulos o avistaram andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: “É um fantasma”. E gritaram de medo. 27Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” 28Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. 29E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. 30Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” 31Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” 32Assim que subiram na barca, o vento se acalmou. 33Os que estavam na barca prostraram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!” 34Após a travessia, desembarcaram em Genesaré. 35Os habitantes daquele lugar reconheceram Jesus e espalharam a notícia por toda a região. Então levaram a ele todos os doentes; 36e pediam que pudessem, ao menos, tocar a barra de sua veste. E todos os que a tocaram ficaram curados. – Palavra da salvação.
Reflexão:
Não tenham medo! (Mt 14,22-36)
Desde as sombras das cavernas, o medo é nosso companheiro. Frágil, limitado, inerme diante das forças da natureza, o homem teme e treme. Basta um trovão, uma faísca, uma chuva forte, para o medo entrar em cena, arrepiando cabelos e provocando tremores.
Uma consequência do medo é a paralisia. Perde-se a capacidade de agir, de avaliar a realidade objetivamente. Entra em cena a louca do último andar: a imaginação. Um leve ruído no quintal, já noite avançada, e o vaso derrubado pelo gato transforma-se em virtual assaltante. Como neste Evangelho, quando os discípulos veem Jesus como um fantasma.
O cristão – se é verdadeira a sua fé – deveria reagir diante das ameaças de modo diferente do pagão, pois confia na presença e na proteção de seu Salvador. É disso que nos fala Orígenes [185-253], teólogo e mártir:
“Se, um dia, somos assaltados por provações inevitáveis, lembremo-nos de que foi Jesus quem nos ordenou que embarcássemos, e ele quer que o precedamos ‘na outra margem’. De fato, para quem não suportou a prova das ondas e do vento contrário, é impossível chegar a essa margem.
Assim, quando nos virmos cercados por dificuldades múltiplas e penosas, fatigados de navegar entre elas com a pobreza de nossos meios, imaginemos que nossa barca está no meio do mar, sacudida pelas vagas que gostariam de nos ver ‘naufragados na fé’ (cf. 1Tm 1,19) ou em qualquer outra virtude. E se nós vemos o sopro do maligno se assanhar contra nossas iniciativas, tenhamos presente que nesse momento o vento nos é contrário.
Quando, pois, entre esses sofrimentos, tenhamos ficado firmes durante as longas horas da noite escura que reina nos tempos de provação, quando tivermos lutado ao máximo, cuidando de evitar o naufrágio, podemos estar seguros de que, lá pelo fim da noite, ‘quando a noite for avançada e o dia vier chegando’ (cf. Rm 13,12), o Filho de Deus virá junto a nós, caminhando sobre as ondas, para tornar o mar favorável a nós.”
É tudo uma questão de fé. Quem se concentra no fragor das ondas e nas ameaças do abismo acabará indo ao fundo. Quem focaliza Jesus Cristo, não irá soçobrar nas tempestades.
Na Igreja, há gente paralisada pelo medo. Ministros ordenados e agentes de pastoral que se sentem sitiados pelas potências de um mundo neopagão e perderam a confiança no poder transformador da Palavra de Deus. No máximo, sonham com um estado de coisas em que teriam “recursos” para trabalhar com êxito: meios de comunicação, apoio das autoridades e – claro! – dinheiro. É para eles que Jesus vem repetir: “Não tenham medo! Sou eu!”