Dom Helder: In manus tuas
Deus altíssimo ou o seu Deus da esperança transformou Dom Helder, no sentido de cantar os louvores do Senhor, como o coração falando ao coração
Dom Helder Câmara contraria o espírito dos humanistas, os quais são possuidores de uma confiança, coerentemente alentadora e ajuizada da humanidade, mas faltando-lhes a esperança da vida em Deus, o triunfo da glória e da ressurreição, tudo a partir da concepção cristã ou da lógica bíblica, quando procuram viver afastados do absoluto ou como os quem não têm esperança (cf. 1 Tes 4, 12). A complacência de Jesus de Nazaré habilitou e qualificou Dom Helder, recordando seu aniversário de morte, ao presentear-lhe com um novo nascimento, numa extensão abrangente à criatura humana, esta se tornando sólida e segura, amparada pela âncora da esperança cristã, tornando-a resistente, vigorosa e inabalável.
Ao beber da fonte da água da vida, que é o próprio Deus, como místico, tornou-se conhecido no Brasil e no mundo inteiro, por sua luta em favor de uma humanidade livre, especialmente os desafortunados da vida, os vulneráveis, os “sem voz e sem vez”, como ele costumava dizer. A fé vivida por ele foi de tal modo intensa, na maior disposição e na alegre entrega, que o credenciou como portador da esperança, na concepção do mundo, segundo a bondade indulgente do amor de Deus, sem nunca esquecer de sua confiança em acreditar nas pessoas, querendo-as capazes de pensar, pelo seu pacifismo e humanismo, aqui em questão no lema de missão: “In manus tuas”. Luminosa foi sua vida de missão, como timoneiro ou cavaleiro em ação, de um Dom Helder forte, nos seus vinte e três anos de morte.
Uma vida dedicada ao Deus da esperança, tendo sua concretude nos irmãos vulneráveis e empobrecidos, na sua esperança, ao crer na possibilidade de um mundo melhor. A existência ou coexistência humana, aliada à solidariedade, no sentido da realização humana, entrelaçada ao verdadeiro amor: numa vida cheia de graça. Deus altíssimo ou o seu Deus da esperança transformou Dom Helder, no sentido de cantar os louvores do Senhor, como o coração falando ao coração, na poesia a seguir: “Fomos nós, as tuas criaturas, que inventamos teu nome!? O nome não é, não deve ser um rótulo colado sobre as pessoas e sobre as coisas… O nome vem de dentro das coisas e pessoas, e não deve ser falso… tem que exprimir o mais íntimo do íntimo, a própria razão de ser e existir da coisa ou da pessoa nomeada… Teu nome é e só podia ser amor”.
Que em Dom Helder, nos seus 23 anos de morte (27/08/1999), nós, criaturas humanas, sejamos conscientes de que precisamos umas das outras, sem jamais excluir aqueles irmãos, figuras referenciais e exemplares. Por isso mesmo, nada de vivência apartada e isolada, desligadas umas das outras, mas, sim, solidariamente em uma conjunção, no esforço de ação, na comunhão solidária. Assim como as crianças necessitam das mães, que seja claro e perceptível o amor de Deus em nós, da nossa parte no cuidado de uns para com os outros, pelo dom maravilhoso da vida de Dom Helder. Amém!