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Contagiar amor é compromisso de todos, vai além da religião

Aos participantes do III Encontro de Igrejas Hospital de Campanha, Francisco fala da importância de sair pelas ruas das cidades em busca de pessoas em situação de vulnerabilidade. Um serviço que diz respeito a todos, católicos ou não.

Fonte: Vatican News

O Papa recebeu na manhã desta segunda-feira, no Vaticano, os participantes do III Encontro de Igrejas Hospital de Campanha, um trabalho a favor dos mais pobres e marginalizados. 

Em sua saudação, Francisco os encorajou a continuarem a ver em cada rosto destes irmãos mais necessitados a face de Cristo. As pessoas que frequentam a Igreja, afirmou o Papa, são poucas em relação às pessoas que precisam dela. Às vezes, há sacerdotes que se contentam com a participação de cerca de mil pessoas da missa dominical quando, na verdade, no bairro habitam mais de 200 mil. “Temos que estar conscientes de que pouca gente vai à Igreja. Temos que ir buscá-las”, afirmou. 

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Um aspecto salientado pelo Pontífice foi a acolhida, exercitada, por exemplo, com os migrantes, uma realidade muito presente seja na Espanha, seja na Itália. Mais uma vez, o Papa alertou para a idade média de 46 anos da população italiana, que prefere ter um animal de estimação a um filho. “E os migrantes, de alguma maneira, são os filhos que não queremos ter. Pensem um pouco nisto.”

Estar em meio aos vulneráveis, prosseguiu, revela as desigualdades entre ricos e pobres, entre patriotas e estrangeiros, que devem ser solucionadas. “É preciso restabelecer o tecido social”, disse o Pontífice, recordando que o equilíbrio de uma sociedade se mede com base no tratamento reservado às crianças e aos idosos. E deu como exemplo a exploração de crianças nos lixões e o “escândalo” de armazenar os idosos no “guarda-roupa de uma casa de repouso”.

Em cada pessoa acolhida, a esperança é semeada, recordou ainda o Papa, agradecendo publicamente o grupo por ser “cara dura”, um “atrevimento” que acaba inspirando outras pessoas. “A guerra é muito dura, muito dura. É uma realidade que mata, destrói. Vamos nos ocupar dessa gente”, pediu Francisco, lembrando de modo especial das crianças ucranianas que perderem a capacidade de sorrir.  “Em cada pessoa que acolhem, em cada pessoa com vulnerabilidade, semeiem esperança”, convidou.  

Mesmo que muitos irmãos vivam diante de um panorama que às vezes parece um beco sem saída, é preciso recordá-los de que a esperança cristã é maior do que qualquer situação. “Não é fácil dizer isto a um ferido de guerra, mas é preciso dizê-lo, porque a esperança tem seu fundamento no Senhor, não no homem. Uma coisa é o otimismo, que é bom, porém outra coisa é a esperança. Totalmente diferente.”

Por fim, Francisco recordou que cada vez que ajudamos alguém necessitado temos a oportunidade de tocar a carne de Cristo, porque levar o Evangelho não é algo abstrato, uma ideologia que se reduz a uma doutrinação, mas a verdadeira evangelização.

O Santo Padre concluiu com uma forte exortação: “Contagiem esperança, contagiem misericórdia, contagiem amor a todas as pessoas”, que convencidas também elas desta verdade, poderão se unir no serviço aos mais pobres. Não é preciso antes batizar ou confessar-se para servir, recordou o Papa. “Qualquer pessoa, ateu, não ateu, qualquer pessoa de uma religião ou de outra. Servir e servir os mais pobres. Entre os mais pobres está Jesus. Estão servindo a Jesus mesmo que não acreditem Nele. Todos, todos, todos na missão do serviço, todos no compromisso com os demais.” 

Papa Francisco: silenciar as armas, dar “espaço ao diálogo”

A terceira edição deste teve início este domingo, em Roma, reunindo cerca de cinquenta pessoas de diferentes iniciativas de Madri, Barcelona, Roma, Jordânia, México e Argentina. “Igreja Sinodal e Igrejas hospital de campanha ao serviço da humanidade” é o lema deste encontro.

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