Liturgia Diária

É possível perdoar sem medida?

Liturgia Diária – 15 – QUINTA-FEIRA

19ª SEMANA DO TEMPO COMUM

“Quem é o maior no Reino dos Céus?”

Lembrai-vos, Senhor, da vossa aliança e nunca esqueçais a vida dos vossos pobres. Levantai-vos, Senhor, e julgai vossa causa, e não fecheis o ouvido ao clamor dos que vos procuram (Sl 73,20.19.22s).

Deus não se omite diante da má conduta do seu povo. Por meio do profeta, o Senhor demonstra que o pior pode acontecer, caso esses “rebeldes” não se convertam. De sua parte, Jesus nos oferece magistral ensinamento sobre a necessidade de nos perdoarmos uns aos outros.

Primeira Leitura: Ezequiel 12,1-12

Leitura da profecia de Ezequiel – 1A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 2“Filho do homem, estás morando no meio de um povo rebelde. Eles têm olhos para ver e não veem, ouvidos para ouvir e não ouvem, pois são um povo rebelde. 

3Quanto a ti, Filho do homem, prepara para ti uma bagagem de exilado, em pleno dia, à vista deles. Emigrarás do lugar onde estás, à vista deles, para outro lugar. Talvez percebam que são um povo rebelde. 4Deverás tirar a bagagem em pleno dia, à vista deles, como se fosse a bagagem de um exilado.

Mas deverás sair à tarde, à vista deles, como quem vai para o exílio. 

5À vista deles deverás cavar para ti um buraco no muro, pelo qual sairás; 6deverás carregar a bagagem nas costas e retirá-la no escuro. Deverás cobrir a face para não ver o país, pois eu fiz de ti um sinal para a casa de Israel”. 

7Eu fiz assim como me foi ordenado. Tirei a bagagem durante o dia, como se fosse a bagagem de exilado; à tarde, abri com a mão um buraco no muro. Saí ao escuro, carregando a bagagem às costas, diante deles. 8De manhã, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 

9“Filho do homem, não te perguntaram os da casa de Israel, essa gente rebelde, o que estavas fazendo? 10Dize-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Este oráculo refere-se ao príncipe de Jerusalém e a toda a casa de Israel que está na cidade. 

11Dize: Eu sou um sinal para vós. Assim como eu fiz, assim será feito com eles: irão cativos para o exílio. 12O príncipe que está no meio deles levará a bagagem às costas e sairá ao escuro. Farão no muro um buraco para sair por ele. O príncipe cobrirá o rosto para não ver com seus olhos o país”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 77(78)

Das obras do Senhor não se esqueçam.

1. Mesmo assim, eles tentaram o Altíssimo, / recusando-se a guardar os seus preceitos. / Como seus pais, se transviaram e o traíram / como um arco enganador que volta atrás. – R.

2. Irritaram-no com seus lugares altos, / provocaram-lhe o ciúme com seus ídolos. / Deus ouviu e enfureceu-se contra eles, / e repeliu com violência a Israel. – R.

3. Entregou a sua arca ao cativeiro / e às mãos do inimigo a sua glória; / fez perecer seu povo eleito pela espada / e contra a sua herança enfureceu-se. – R.

Evangelho: Mateus 18,21-19,1

Aleluia, aleluia, aleluia.

Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo / e ensinai-me vossas leis e mandamentos! (Sl 118,135) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 

23Porque o Reino dos Céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 

26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, prostrado, suplicava:

‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!’ 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo:

‘Paga o que me deves’. 29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei!’ 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 

31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 

32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida porque tu me suplicaste. 

33Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’ 34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 

35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”. 19,1Ao terminar estes discursos, Jesus deixou a Galileia e veio para o território da Judeia além do Jordão. – Palavra da salvação.

Reflexão:

Qual é a medida do perdão, em caso de ofensa pessoal “contra mim”? Jesus nos ensina a praticar o perdão sem medida. Ora, conforme a gravidade da ofensa, torna-se muito difícil perdoar do fundo do coração. Às vezes, são necessários tempo e disposição interior, para um perdão completo.

No entanto, Jesus recomenda perdoar sempre.

Quem já teve oportunidade de oferecer o perdão por alguma ofensa recebida sente alívio e bem-estar.

O contrário também é verdade: quando a pessoa guarda rancor contra alguém, ou alimenta desejo de vingança, só leva prejuízo. Sofre, perde o sono e abre espaço para alguma doença grave.

Nesse campo, nosso modelo é o próprio Deus, que perdoa infinitamente. Nós é que somos mesquinhos. Gastamos energia calculando se vamos perdoar!

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