Viver Evangelizando

SITZ IM LEBEN (CONTEXTO VITAL) DE SÃO VICENTE DE PAULO

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Pe. Cleber Teodósio, CM

O homem é influenciado pelo meio em que vive, assim que para conhecer mais sobre um determinado personagem histórico é salutar procurar entender seu contesto vital, de modo que se tenha mais instrumento para compreender porque tal personagem conduziu sua vida de um e não de outro modo.

1 Contexto Histórico: França século XVI e XVII

O contexto histórico da vida de Vicente de Paulo e Luisa de Marillac, entre outros, apresenta as seguintes características:

  1. a) Política: Carlos IX morreu em 1574, no final da terceira guerra de religião (Noite de São Bartolomeu de 1572); ficando como regente da França Catherine de Medici; Enrique IV reinará de 1589 a 1610, quando Luis XIII ascenderá ao trono com oito anos; trazendo poder para sua mãe, Maria Medici. Nesse momento começou a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e, em 1624, o cardeal Armando du Plessis de Richelieu assumiu o poder. Luís XIV sobe ao trono em 1643, sendo menor de idade e governado pelo cardeal Mazarin, mas o movimento da Fronda o rejeita e ele morre em 1661. Luís XIV inicia seu poder pessoal com 17 anos de idade.
  2. b) Economia: Na primeira metade do século XVII francês, a economia é fundamentalmente agrícola. Amsterdã é o centro bancário e comercial da Europa. A França passa por uma forte depressão econômica, seus piores momentos são: 1628-30 (A Peste) e 1643-51 (A Fronda).
  3. c) Demografia: A França tinha uma população de 18 milhões no século XVII, com um máximo de 20 milhões. A média de vida era de 35 anos, devido à desnutrição crônica, causada pelas guerras, nesta época praticamente ininterruptas, e pela peste bubônica ou pulmonar. Além disso, três quartos da população masculina e nove em cada dez mulheres eram completamente analfabetos.
  4. d) Cultura: O fenômeno artístico, literário e mental que se inicia no final do século XVI e se estende por todo o século XVII foi caracterizado como “barroco”.
  5. e) Social: A pirâmide social tinha o Rei no topo, seguido da nobreza de espada (sangue) ou toga; burguesia do comércio de togas, comerciantes intermediários e ofícios menores; camponeses e artesãos da cidade, seguidos de mendigos, sem-teto (os que não contam). O número do clero era cerca de cem mil; apesar das boas intenções e o Conselho de Consciência, apresentava abundantes irregularidades. O alto clero era constituído por abades, bispos, priores, beneficiários, religiosos… i) os párocos gozavam de condições de vida muito aceitáveis; ii) os vigários eram auxiliares escolhidos pelo pároco, ordinariamente de entre os seus compatriotas; iii) os capelães gozavam de maior independência em relação ao pároco, e iv) os “habituais” eram os padres que não tinham ofício fixo. Como se percebia a diferença na formação do clero nas cidades e no campo realizou-se uma reforma do clero, promovida por Bourgeois, São Francisco de Sales, São Vicente de Paulo, Pierre de Bérulle, Richelieu, Alain de Solminihac, Bourdoise e John Eudes. O cardeal Francis de La Rochefoucauld dedicou-se mais aos religiosos.
  6. f) Religião: O catolicismo foi marcado por um avanço protestante. Tanto que Henrique IV impôs o Edito de Nantes (13/04/1598) com o objetivo de pôr fim às guerras religiosas na França, mas não teve muito sucesso. No final do século XVI, o protestantismo vinha ganhando adeptos na França, aproveitando-se da má formação dos católicos. Até que a força do movimento reformador católico se recupere, a situação de fé do povo é deprimente, com uma introdução massiva do protestantismo, a França tinha vastas áreas, das quais não surgiam vocações sacerdotais, as pessoas tinham muitas dúvidas sobre a fé e viviam um catolicismo mais ou menos convencional e tradicional, com devoções religiosas e superstições. Além disso, a cidade do interior estava desprotegida. As ordens religiosas clássicas haviam entrado em pleno declínio, cabendo ao Concílio de Trento tentar remediar esta situação. Assim que muitas congregações começaram a se reformar e outras a surgir. Essas novas congregações eram menos rígidas e muitas delas eram femininas, a saber: Para o ensino: i) Congregação de Nossa Senhora de São Pedro Fourier, Ursulinas, Filhas da Apresentação; ii) Para cuidados hospitalares: Filhas da Caridade, Hospitaleiras da Caridade de Notre Dame, Hospitaleiras da Misericórdia; iii) Pela recuperação e conservação da juventude feminina: Filhas da Providência, Notre Dame de la Charité de São João Eudes e iv) De votos simples: Filhas da Cruz, Jesuítas, Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia e Salesianas.

 

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A vida de Vicente de Paulo em 4 pontos
  1. Pouco se sabe sobre a infância de Vicente de Paulo. Até sobre a data do seu aniversário, ainda há muitas discussões. A maioria dos biógrafos estão de acordo com 24 de abril de 1581 em Pouy, França. Cuidou de animais quando criança, estudou com os capuchinhos, depois fez estudos superiores em Toulouse e Zaragoza e foi ordenado presbítero em 1600 no Chateau l’Eveque.
  2. O ano de 1617 foi decisivo na vida de Vicente de Paulo. Na época em que reinava Luís XIII, Vicente com 37 anos de idade, passava da juventude à maturidade. Ano em que o santo escreveu importantes correspondências, conferências e documentos diversos, muitos deles em torno dos eventos de Folleville (confissão de um fazendeiro e sermão da missão) e Châtillon (organização de caridade e primeira fundação: AIC). Nesse ano também se verificou um desgaste na relação entre orientando e orientador espiritual: Vicente e Bérulle. Foi também naquele ano que Vicente descobriu a totalidade da sua vocação com praticamente todas as suas implicações e passou a vive-la com integridade.
  3. Em 1633 Vicente de Paulo e Luísa de Marillac fundaram a Companhia das Filhas da Caridade. Tempo que abre para Vicente, de São Lázaro, grandes responsabilidades, sendo ao mesmo tempo superior da Congregação da Missão, diretor de São Lázaro, superior das Filhas da Caridade, capelão geral das galeras, superior da Visitação de Paris, diretora das Damas da Caridade do Hôtel-Dieu, presidente da Conferência das Terças, organizador e diretor das irmandades da Caridade.
  4. O senhor Vicente demorou a chegar à velhice. Em 1653 ele tinha 72 anos e foi para Sevran para pregar em uma missão. De 1633 até à sua morte, as obras de Vicente cresceram como árvores multiramificadas, sem descontinuidade. Um fato marcante nos últimos anos de Vicente de Paulo certamente ocorreu no dia 17 de maio de 1658: o momento da entrega das regras comuns aos missionários de sua congregação. A emoção foi grande de ambos os lados. Vicente distribuiu as regras a cada um, depois rezou em voz alta, fervorosamente, ao Senhor que sabiamente governa todo o universo. O irmão Ducournau observa que Vicente os apresentou a um clima semelhante ao Discurso da Última Ceia. Em 27 de setembro de 1660, Vicente de Paulo partiu para a missão do céu, deixando as três primeiras fundações do seu carisma: Associação Internacional da Caridade (1617), Congregação da Missão (1625) e Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo (1633).

São Vicente de Paulo, Rogai Por nós!

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Agradecimento ao meu amigo Pe. Cleber Teodósio, CM.
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