Religião

Papa reorganiza vicariato de Roma para trazer mais colegialidade e responsabilidade

Papa reorganiza vicariato de Roma para trazer mais colegialidade e responsabilidade

O novo documento visa revitalizar a missão do vicariato, dando “primazia” à caridade e à proclamação da misericórdia divina

Cidade do Vaticano — Com o mesmo espírito e objetivos por trás de sua recente reforma e reorganização da Cúria Romana, o Papa Francisco, como Bispo de Roma, reformulou o Vicariato de Roma.

O vicariato é chamado também “a se orientar mais oportunamente para a evangelização do mundo de hoje do que para a sua autopreservação” e a estar ao serviço de uma Igreja que se aproxima de todos, evangelizando com a palavra e com as obras, abraçando vida e “tocar a carne sofredora de Cristo nos outros”, escreveu o Papa em uma nova instrução papal.

Entre as muitas mudanças, o Papa criou dois novos órgãos: um escritório dedicado à proteção de menores e pessoas vulneráveis; e uma comissão supervisora independente de especialistas nomeados pelo papa que monitoram o trabalho e os assuntos administrativos e econômicos do vicariato.

As mudanças, que entram em vigor em 31 de janeiro, foram divulgadas em 6 de janeiro na nova constituição apostólica, “In Ecclesiarum Communione” (“Na Comunhão das Igrejas”). Ele substitui a constituição anterior, “Ecclesia in Urbe” (“A Igreja na Cidade”), emitida por São João Paulo II em 1988.

O novo documento visa revitalizar a missão do vicariato, dando “primazia” à caridade e à proclamação da misericórdia divina, sinodalidade com os fiéis e promovendo maior colegialidade, particularmente entre o Papa e seus bispos auxiliares de Roma.

De fato, o Papa terá um papel muito maior no vicariato, mantendo-se informado com os relatórios exigidos, presidindo as reuniões do conselho episcopal e participando das principais decisões relativas a questões pastorais, administrativas e financeiras, inclusive exigindo sua aprovação final das decisões da diocese relatório de orçamento anual.

O relatório orçamentário anual, a gestão orçamentária, os pedidos de ajuda das paróquias e dos reitores e a garantia de maior transparência na gestão dos fundos serão tratados pelo conselho diocesano para os assuntos econômicos, presidido pelo cardeal vigário ou pelo vice-regente, afirmou.

O Papa escreveu que gostaria de maior vigilância sobre a gestão financeira “para que seja prudente e responsável” e “conduzida de forma consistente com o propósito que justifica a posse de bens da Igreja”.

A constituição reconheceu que “devido à tarefa muito grande de governar a Igreja universal”, o Papa precisa ter ajuda para cuidar da diocese de Roma, razão pela qual nomeia um cardeal vigário.

O cardeal vigário informará o Papa “periodicamente e sempre que julgar necessário sobre a atividade pastoral e a vida da diocese. Em particular, ele não tomará iniciativas importantes ou que ultrapassem a administração ordinária sem primeiro se reportar a mim”.

O cardeal vigário também deve apresentar primeiro ao Papa todos os candidatos “para possível admissão às Ordens Sagradas” depois que esses candidatos tiverem recebido a aprovação do conselho episcopal.

“A Igreja perde sua credibilidade quando se enche do que não é essencial para sua missão ou, pior, quando seus membros, às vezes até os investidos de autoridade ministerial, são motivo de escândalo por seus comportamentos infiéis ao Evangelho”. Francisco escreveu. “Só na doação total de si mesmo a Cristo para servir a salvação do mundo a Igreja renova a sua fidelidade.”

Traduzido por Ramón Lara.

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