Espanha vive onda de calor incomum
O fenômeno ultrapassará a Península Ibérica e nos próximos dias afetará outros países europeus, como a França
A Espanha vive uma onda de calor, um fenômeno incomum nesta época do ano causado pelas mudanças climáticas, informou nesta segunda-feira (13) à AFP um porta-voz da Agência Meteorológica Estatal (Aemet).
Este episódio meteorológico, que ocorre depois que a Espanha experimentou o mês de maio mais quente em pelo menos cem anos, “pode durar até o final da semana”, declarou Rubén del Campo.
As temperaturas, segundo o especialista, vão ultrapassar “40 ºC em grandes áreas” do país, e vão manter-se altas à noite, com “mínimos acima dos 20 ou 22 ºC”.
O fenômeno ultrapassará a Península Ibérica e nos próximos dias afetará outros países europeus, como a França, disse Del Campo.
“Tal calor extremo não é normal neste momento (…) da primavera”, apontou o porta-voz, que identificou as “mudanças climáticas” como a causa do fenômeno.
Nos últimos 10 meses, a Espanha sofreu quatro episódios de temperaturas extremas: uma onda de calor em agosto passado em que foram quebrados recordes de temperatura (47,4 ºC em Montoro, no sul do país), “temperaturas excepcionalmente altas” entre o Natal e o Ano Novo, uma onda de calor em maio e agora a atual, enumerou o porta-voz.
O termômetro pode chegar a 43 ºC nos próximos dias em cidades da Andaluzia (sul) como Córdoba e Sevilha, segundo as previsões da Aemet.
Desde a era pré-industrial, as temperaturas aumentaram em média 1,7 graus na Espanha (2 graus na Europa), disse Rubén del Campo, que explicou que os episódios não são apenas mais extremos, mas também mais frequentes.
E enquanto a Espanha sempre teve verões quentes, estes “estão ficando cada vez mais quentes e cada vez mais longos: um verão atual dura mais de um mês adicional do que nos anos 1980”, explicou o especialista.
Uma situação que, salientou, tem impacto na saúde pública, já que “a Espanha registra cerca de 1.800 óbitos todos os anos devido a episódios de ondas de calor”, e no meio ambiente, com maiores secas e mais incêndios, como o da Serra Bermeja (Málaga, Andaluzia) que queimou 3.500 hectares na semana passada.
A multiplicação das ondas de calor é consequência do aquecimento global, segundo cientistas, para quem as emissões de gases de efeito estufa aumentam a potência, a duração e a repetição desses fenômenos.
AFP