Crise da água representa um perigo maior para as empresas, segundo relatório de ONG
De quase 500 empresas de capital aberto que transmitiram dados às organizações, 69% delas reconhecem que estão expostas aos riscos relacionados com a segurança da água
A crise da água, agravada pela mudança climática, representa riscos importantes e custosos para as empresas, alertaram duas ONGs, CDP (antes Carbon Disclosure Project) e Planet Tracker, em um relatório nesta quinta-feira (5).
De quase 500 empresas de capital aberto que transmitiram dados às organizações, 69% delas reconhecem que estão expostas aos riscos relacionados com a segurança da água. Estes riscos poderão custar até 225 bilhões de dólares, aponta o relatório.
“O aumento da população e da atividade econômica em diversas regiões aumentam a demanda e a poluição da água”, alerta o texto, que lembra que a ONU prevê um déficit de água de 40% em 2030, se nada for mudado.
Devido a esses problemas, “a produção pode desacelerar ou parar. Os litígios sobre a questão da água poderão danificar a reputação” das empresas, até obrigá-las a se retirar de certos lugares, segundo o documento.
As empresas que extraem matérias-primas (carbonetos, petróleo) e exploram minas seriam as mais afetadas.
Em 2011, o projeto da mina de cobre Tía María, no Peru, valorizada em 1 bilhão de dólares, teve que ser interrompido devido às violentas manifestações de agricultores e moradores. A mina de ouro Pascua Lama também perdeu 7,5 bilhões de dólares em um projeto ao longo da fronteira entre Chile-Argentina, segundo as organizações.
Esta mina se transformou em um “ativo encalhado” ou “bloqueado” (“stranded asset” em inglês), que significa que um ativo acabou perdendo seu valor. Essa categoria já representa US$ 13 bilhões, segundo o CDP e o Planet Tracker.
Grandes empresas, como a Anglo American Platinum ou Iberdrola, já reconheceram que o surto da crise da água irá afetar seu crescimento.
AFP