Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano alerta sobre armas nucleares

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ROMA – A guerra da Rússia na Ucrânia levanta a possibilidade assustadora do uso de armas nucleares, a liberação de material radioativo de usinas nucleares e um novo impulso para desenvolver ou adquirir esse tipo de armas no mundo todo, inclusive por terroristas, disseram membros da Pontifícia Academia de Ciências.

A comunidade internacional tem a obrigação de “tomar todas as medidas práticas que reduzam a possibilidade de uma guerra nuclear por acidente, erro de cálculo ou ação irracional”, disse um comunicado divulgado em 8 de abril após uma conferência internacional sobre o risco de uma guerra nuclear.

As ameaças veladas do presidente russo, Vladimir Putin, de usar armas nucleares, sua ordem de colocar as forças nucleares russas em alerta máximo e a falta de cuidado de suas tropas ao controlar a antiga usina nuclear de Chernobyl levantam alarmes que devem ser levados a sério, disseram membros do Conselho da Pontifícia Academia.

Os académicos alertaram sobre:

— A “destruição intencional ou não intencional de usinas nucleares com graves consequências para grandes populações”.

— O “vazamento descontrolado de lixo nuclear que pode ser usado para as chamadas bombas sujas”.

– “O uso potencial das chamadas armas nucleares táticas em campos de batalha, por exemplo, na Ucrânia”.

— “Manter as armas nucleares em alerta máximo, aumentando potencialmente a probabilidade de um lançamento acidental de armas nucleares ou como resultado de manipulação cibernética.”

– “O uso global de armas nucleares poderosas e outras armas além da Ucrânia durante a guerra aumenta ainda mais.”

O conselho da academia disse que “graves desigualdades entre nações e dentro das nações, ambições nacionais ou partidárias míopes e o desejo de poder são as sementes do conflito que pode levar a uma guerra geral e nuclear”.

A pobreza e a fome alimentam a discórdia social e ameaçam a paz, disseram eles, e “a poluição nuclear dos campos agrícolas impediria a agricultura a longo prazo. Já o impedimento da agricultura na Ucrânia e o comércio de alimentos nesse país e na Rússia exacerbam a crise alimentar mundial porque grandes quantidades de alimentos básicos eram produzidas lá para o mundo inteiro”.

Mesmo sem o uso de armas nucleares, disseram os cientistas, a crescente sofisticação das armas convencionais significou um “aumento da vulnerabilidade, não apenas de indivíduos, especialmente não beligerantes, incluindo crianças, mulheres, idosos e doentes que são indiscriminadamente aterrorizados, ou obrigados a migrar, mas da humanidade como um todo e do planeta”.

Além de pedir aos líderes do governo que pressionem com mais força o fim da guerra na Ucrânia e o início de negociações sérias, membros do conselho da academia pontifícia pediram a todos os indivíduos em todo o mundo “para insistir que evitar a guerra é uma responsabilidade comum, para combater a crença de que as guerras são inevitáveis e trabalhar incessantemente para garantir o futuro das gerações vindouras”.

“Evitar guerras e alcançar uma paz significativa”, disseram, “requer não apenas os poderes da inteligência, do conhecimento e da ciência, mas também os da boa vontade impulsionados pelo amor e pela justiça, pelas virtudes éticas, pela moralidade, pela responsabilidade, pelos valores e pela convicção”.

Traduzido por Ramón Lara.