Papa e instituições católicas se mobilizam contra o tráfico de pessoas.
30 de julho foi declarado como Dia Mundial de Combate ao Tráfico pelas Nações Unidas
Com um tuíte, o papa Francisco recorda o Dia Mundial Contra o Tráfico Humano , convocado pelas Nações Unidas em 2013 e, desde então, celebrado todo dia 30 de julho.
A finalidade desta data é combater a exploração das pessoas contra um fenômeno que praticamente atinge países de todos os continentes, entre nações que envolvidas na origem, trânsito e destino das vítimas. O Brasil, por exemplo, se enquadra nas três rotas.
Além do dia 30 de julho, a Igreja Católica dedicada outra jornada no decorrer do ano para este fenômeno: o dia 8 de fevereiro, quando se recorda a memória litúrgica de Santa Josefina Bakhita.
O Jardim das Orações – Onde Tudo Pode Mudar
Em ambas as circunstâncias, o papa Francisco não deixa de expressar sua preocupação e, principalmente, seu apoio a uma organização formada sobretudo por religiosas: a Talitha Kum.
Em sua mensagem no Twitter, Francisco dá destaque ao papel da economia neste fenômeno, como já abordado em 8 de fevereiro, 7º Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas
“Este ano o objetivo é trabalhar por uma economia que não favoreça, mesmo indiretamente, esse tráfico ignóbil, ou seja, uma economia que nunca faz do homem e da mulher uma mercadoria, um objeto, mas sempre o fim”.
A crise não tem a última palavra
De fato, a rede Talitha Kum, que inclui mais de três mil religiosas católicas e leigas, lançou a campanha #CareAgainstTrafficking para assinalar o Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas. A finalidade é demonstrar que o cuidado pode sim fazer a diferença em todas as fases do percurso para combater o tráfico: cuidado para quem está em risco, para as vítimas e para quem sobrevive.
“Declaramos que o cuidado e a prevenção são a força mais poderosa para a mudança, e nos unimos aos sobreviventes para promover o cuidado contra o tráfico humano”, defendem as responsáveis.
O organismo internacional de Institutos de Vida Consagrada indica que a campanha “Cuidado contra o tráfico” que chamar a atenção para a necessidade de intervir em todas as fases, prestando assistência às pessoas em risco, às vítimas e às sobreviventes.
Segundo a rede, esta abordagem exige um compromisso de várias instituições e a participação da sociedade, para “enfrentar as causas sistémicas do tráfico”.
Educação, oportunidades de trabalho, assistência médica e justiça são as prioridades apontadas pela campanha, divulgada online.
“Alimentadas pela força da espiritualidade, temos ajudado dezenas de milhares de pessoas a escapar da violência do tráfico e encontrar um caminho para reconstruir vidas de liberdade e dignidade”.
As religiosas denunciam situações de falsas propostas de emprego ou escolares, que levam crianças, jovens e mulheres a cair em redes de prostituição ou escravatura doméstica.
A coordenadora internacional da rede, ir. Gabriella Bottani – que iniciou seu engajamento nesta luta quando atuava no Brasil – afirma que a campanha tem inspiração também nas palavras do pontífice. “Como o papa Francisco muitas vezes nos lembra, cuidar é importante para dar valor, dar força ao bem, enfrentando com a força do bem o mal”. Ela também sublinha que o Francisco tem medido uma mudança da “economia do tráfico em economia do cuidado”.
“Apoiamos sobreviventes, mesmo dentro da realidade da crise da pandemia, oferecendo-lhes ajuda material concreta, como pagar o aluguer ou comida. Cuidar significa promover uma educação de qualidade, para ser competitivo no mercado de trabalho”, assinala a religiosa.
Ir. Gabriella explica também que a campanha nas redes sociais consiste em dar voz e visibilidade a “gestos de cuidados para combater o tráfico hoje no nosso mundo globalizado, mas também neste tempo de pandemia, não deixando que a crise seja a última palavra, mas o cuidar, cuidar da dignidade humana, cuidar da liberdade dos nossos irmãos e irmãs, cuidar de gestos cotidianos para que todos tenham vida em abundância”.
Um levantamento da ONU alertou para os impactos de uma “pandemia de tráfico humano”.
A pesquisa identificou um aumento no número de vítimas de tráfico humano durante a pandemi,a especialmente na exploração de crianças.
A ação #CareAgainstTrafficking é parte da ação de incidência política da ‘Talitha Kum’. A campanha é realizada no contexto da iniciativa Sisters Advocating Globally da União Internacional das Superioras Gerais (UISG), com o objetivo de “levantar a voz das religiosas católicas dentro da comunidade de desenvolvimento global”.
Cáritas
A data é assinalada também pela Cáritas Europa, “mobilizada pela dignidade das pessoas”, recordando que “trabalha há anos contra todas as formas de exploração e tráfico de seres humanos”.
“Denunciamos políticas que aumentam a vulnerabilidade das pessoas e o risco de serem traficadas. Promovemos uma cultura de respeito por meio da consciencialização do público em geral e da preparação de quem está em contato com potenciais vítimas”, destaca a organização católica.
A 30 de julho de 2013, foi declarado o primeiro Dia Mundial de Combate ao Tráfico pelas Nações Unidas, com o objetivo aumentar a consciência sobre o tráfico e ajudar as vítimas e o público em geral a informar-se sobre os seus direitos.
“O tráfico de seres humanos continua a ser um grave problema em todo o mundo, assumindo a forma de exploração sexual, escravidão doméstica, trabalhos forçados, mendicância forçada, coerção para cometer crimes, casamentos forçados e até tráfico de órgãos”, afetando milhões de vítimas em todo o mundo, denuncia a Cáritas Europa.
Os lucros dos traficantes são estimados em 29,4 mil milhões de euros por ano, em todo o mundo.
Fonte: Vatican News/Ecclesia/Dom Total