Igual a nós em tudo, exceto no egoísmo, Jesus enfrentou no deserto as tentações do ter (fazer das pedras pães), do prazer (atirar-se ao vazio sem risco de se ferir) e do poder (possuir os reinos do mundo). Preferiu viver em comunidade com pescadores do lago da Galileia, habituado a longos períodos de oração, peregrinando de aldeia em aldeia
Jesus é, para nós cristãos, Deus feito homem. Como anuncia o Evangelho de João, “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Entrou em nossa história pela porta dos fundos: filho de um carpinteiro e de uma camponesa que apareceu grávida antes do casamento. Em Belém, as portas se fecharam para o casal. Nas proximidades da cidade, José e Maria ocuparam uma terra e ali deram à luz o filho Jesus.
Igual a nós em tudo, exceto no egoísmo, Jesus enfrentou no deserto as tentações do ter (fazer das pedras pães), do prazer (atirar-se ao vazio sem risco de se ferir) e do poder (possuir os reinos do mundo). Preferiu viver em comunidade com pescadores do lago da Galileia, habituado a longos períodos de oração, peregrinando de aldeia em aldeia.
No casamento em Caná, a falta de vinho levou-o a operar seu primeiro milagre. Pura gratuidade. A festa não podia acabar. Transformou água em vinho. Anos mais tarde, faria o último ao transformar o vinho em sangue e o pão, em corpo divinos. Instado a ensinar seus companheiros a orar, Jesus deixou claro que só quem partilha os bens essenciais à vida, o pão nosso, merece chamar Deus de “Pai nosso”.
Apreciava a boa mesa, a ponto de comparar seu Reino a um banquete e ser acusado de “comilão e beberrão”.
Não admitia que seus discípulos despedissem o povo com fome, e exigiu que um homem rico primeiro fizesse justiça aos pobres para, em seguida, tornar-se seu seguidor.
Viu um grupo de teólogos prontos a apedrejar uma mulher que fora apanhada em adultério. Começou a escrever no chão os pecados de cada um. Eles largaram as pedras e, envergonhados, se foram. Como ninguém a condenara, ele também não o fez. Instou-a a não pecar de novo.
Tratava Javé por “Abba” que, em aramaico, significa “pai querido”.
Exultou porque Deus oculta os mistérios de seus desígnios dos sábios e doutores e os revela aos pequeninos (Mateus 11,25). Na parábola do Filho Pródigo comparou Deus a um pai que abraça e beija o filho devasso antes que este se explique, pois o amor é a essência divina.
Ficou bravo com Pedro quando este disse que ele não corria o risco de ser assassinado. Malgrado as fraquezas de Pedro, que o renegou à hora da cruz, fez dele o líder de seu grupo. Jamais pisou Tiberíades, a capital da Galileia, e xingou Herodes Antipas, o governador, de “raposa”.
Defendeu Maria de Betânia quando a irmã Marta queixou-se dela, e chorou ao saber que Lázaro, irmão das duas, havia morrido.
Tanta era a saudade que decidiu ressuscitá-lo. Livre de preconceitos, atendeu ao centurião romano que lhe pediu para curar o servo e reconheceu a sabedoria da mulher cananeia que, de modo sutil, o criticou por restringir suas atividades aos judeus.
Ressuscitado, apareceu como jardineiro para Madalena; pescador para os apóstolos; peregrino para os discípulos na estrada de Emaús. E ensinou-nos que, ao longo dos séculos, sempre haveremos de encontrá-lo na face daquele que “tem fome… sede… está nu… doente… oprimido” (Mateus 25, 35).
Como afirma Leonardo Boff, humano assim como ele foi, só podia ser Deus mesmo.
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