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Biden diz que Trump ‘se recusou a respeitar a vontade do povo’

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Biden diz que Trump ‘se recusou a respeitar a vontade do povo’.

Colégio Eleitoral ratificou vitória de Biden. Presidente eleito criticou o Partido Republicano por apoiar as alegações sem provas de Trump de fraude em massa.

Biden discursa em Wilmington, Delaware (ROBERTO SCHMIDT/AFP)

O Colégio Eleitoral ratificou nesta segunda-feira (14) a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais americanas, uma oportunidade que o democrata aproveitou para fazer um apelo aos americanos para “virar a página”, apesar da recusa de Trump em admitir a derrota.

Sem surpresas, os grandes eleitores (delegados) reunidos nesta segunda em todos os Estados Unidos para formalizar o resultado do pleito de 3 de novembro confirmaram a vitória de Biden, que em 20 de janeiro vai assumir como o 46º presidente americano.

Esta mera formalidade adquiriu matizes incomuns este ano, devido à recusa de Trump em admitir a derrota. Com os numerosos delegados da Califórnia, onde Biden venceu por 63% dos votos, o democrata superou com folga a cifra necessária para chegar à Casa Branca, estabelecida em 270 votos no Colégio Eleitoral.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, fez nesta segunda-feira (14) sua maior crítica a Donald Trump desde as eleições de novembro, ao afirmar que o presidente republicano desafiou a Constituição e “a vontade do povo” com sua insistência em não reconhecer os resultados eleitorais.

“É uma posição tão extrema, que nunca havíamos visto. Uma posição que se recusou a respeitar a vontade do povo, a respeitar o Estado de Direito e a honrar a nossa Constituição”, disse Biden em discurso após ter sua vitória confirmada pelo Colégio Eleitoral. Biden se referia a um processo do Partido Republicano promovido por Trump que buscava contestar a vitória do candidato democrata em vários estados-chave, mas que foi rejeitado pela Suprema Corte na última sexta-feira.

O presidente eleito elogiou os americanos pelos níveis recordes de participação na votação, apesar dos temores pela Covid-19 e da “enorme pressão política, abuso verbal e até ameaças de violência física” contra as autoridades eleitorais.

“A chama da democracia foi acesa neste país há muito tempo. E agora sabemos que nada, nem mesmo uma pandemia ou um abuso de poder, pode apagá-la”, declarou Biden. “Espero, sinceramente, que nunca mais voltemos a ver alguém sujeito ao tipo de ameaça e abusos que vimos nessas eleições”, assinalou, chamando de “inconcebível” o assédio a funcionários eleitorais.

O democrata disse que Trump exerceu plenamente seu direito de contestar os resultados na Justiça e, “em nenhum caso, foi encontrada qualquer causa ou evidência para reverter, questionar ou disputá-los”. Biden também criticou o Partido Republicano por apoiar as alegações sem provas de Trump de fraude em massa. No entanto, acrescentou, a Suprema Corte enviou “um sinal claro” na semana passada.

Após a votação do Colégio Eleitoral, Biden disse que “é hora de virar a página”. “Estou convencido de que podemos trabalhar juntos pelo bem da nação”, defendeu.

 Sem reconhecimento por Trump

Embora nos últimos anos tenham sido registrados casos de “eleitores infiéis”, que votaram em um candidato que não venceu em seu estado, o número nunca foi suficiente para alterar o resultado de uma eleição.

Muitos congressistas republicanos respaldam as alegações de fraude de Trump, mas alguns estariam dispostos a reconhecer a vitória de Biden após a ratificação do resultado pelo Colégio Eleitoral.

No entanto, não se espera que Trump reconheça a derrota, mas tampouco que se negue a deixar a Casa Branca. Provavelmente, vá evitar se reunir com Biden na tradicional pose juntos.

No fim de semana, ao ser questionado em uma entrevista no canal Fox News se compareceria à posse de Biden em 20 de janeiro, como exigem o protocolo e séculos de tradição, Trump se limitou a responder: “Não quero falar sobre isto”.

Alguns aliados de Trump especularam sobre a possibilidade de contestar o resultado no dia 6 de janeiro, quando o Congresso validará formalmente a votação do Colégio Eleitoral.

Embora as chances de sucesso dessa iniciativa sejam praticamente nulas, este seria mais um exemplo do cenário de profunda divisão em que Biden iniciará sua presidência.

Em um sinal de mudança dos ventos, o apoio a Trump da equipe do The Wall Street Journal foi abalado e nesta segunda, em seu editorial, o jornal financeiro pediu para que ele “vire a página”.

“Os recursos legais já chegaram ao fim, e ele e o resto dos republicanos podem ajudar o país e a si próprios reconhecendo os resultados e virando a página”, disseram os editorialistas.

Fonte: AFP e Deutsche Welle

 

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