Viver Evangelizando

“O Protagonismo da Mulher Negra”

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ENTREVISTA. “O Protagonismo da Mulher Negra”.

“O Protagonismo da Mulher Negra”

Caros leitores, conscientes de que estamos vivendo uma realidade em que assuntos relacionados ao racismo estão muito presentes em nossos dias, Yuri Jesus convidou Ana Andreia da Silva que é formada e graduada em biblioteconomia e atualmente trabalha na biblioteca no Instituto São Vicente de Paulo em Belo Horizonte – MG, para uma entrevista.

No dia 20/11 é uma data muito importante, pois é um dia dedicado a sociedade e principalmente aos NEGROS, pois é o dia da “CONCIÊNCIA NEGRA” sendo assim pensei um pouco: em nossas casas tem pessoas que contribui para a preservação deste local, é interessante que onde tem estes colabores, as vezes, são Negros. Por este motivo já que estamos refletindo sobre a consciência negra, penso que não basta só falar sobre as pessoas, mas conhecê-las também. Assim que fiz uma entrevista com a nossa colaboradora Ana Andreia da Silva, que está sempre à disposição na organização e dedicação da biblioteca do Instituto São Vicente de Paulo em Belo Horizonte – MG.

A entrevista é organizada em três pontos. No primeiro momento a entrevistada nos apresenta a sua experiência quando graduanda; no segundo, como foi o desenvolvimento e resultado da graduação sendo NEGRA, e por último nos diz sobre os desafios de enfrentar o mercado de trabalho. A entrevista é concluída com uma mensagem que nos motiva diante de tantos desafios da vida das pessoas negras.

1 – Você como negra, bibliotecária graduada, qual era o seu pensamento diante a realidade de sua cor e como foi a mudança de pensamento desde o processo acadêmico até a conclusão do curso?
Antes de falar da graduação, queria frisar que a apreensão veio antes de entrar na faculdade, pois escolhi um curso que era ofertado presencialmente apenas na UFMG (aqui em Belo Horizonte). Vindo de escola pública e de uma vida simples, e claro negra, tinha momentos que eu achava que era um sonho impossível.

Mas o desejo de fazer precisamente este curso me impulsionou a ingressar na mesma. E encontrar pessoas com condições similares a minha, fez toda a diferença. Entrei hesitante e sai muito mais confiante.

2 –  Quando concluiu a graduação na área de Biblioteconomia, qual foi o seu primeiro pensamento diante os planos para futuro? Sabendo que concluindo a graduação começaria sua busca por trabalho nesta área; e a relação de ser negra influenciou na preparação de novos planos para o seu futuro diante principalmente do trabalho?
Como disse acima, sai mais confiante em relação a minha negritude, porém eu sabia que ia enfrentar desafios para ingressar no mercado de trabalho, nesta área, pois sempre trabalhei em emprego público, em empresa privada o seu profissionalismo fica mais evidente e por vezes mais cobrado.

Meu primeiro pensamento foi: “Bem, galguei os primeiros degraus para minha realização profissional, agora necessito mais empenho para os próximos passos. Então, vamos a isso…”

Sim, influenciou, pois vivemos num pais em que o racismo estrutural, aquele que dificulta ao negro chegar à determinada posição social, infelizmente, existe de fato, por isso eu sempre achei que o caminho entre mim e os colegas brancos seria diferenciado, estou falando unicamente da chance e oportunidades de ingressar num posto de trabalho, o profissionalismo a gente mostra depois.

“O Protagonismo da Mulher Negra”

3 – Tendo em vista você ter conseguido um trabalho em sua área, pois é Bibliotecária nesta Instituição. Algumas pessoas talvez nunca cogitasse uma profissional negra aqui. O que você diria para alguém que deixa de construir seus planos por medo de suas características e cor de pele? Qual a mensagem de motivação para ela seguir seus planos e não deixar de lado suas origens e a sua essência?
Então, apesar de saber dos desafios, eu também acreditava no meu potencial e sabia que não queria fazer o curso apenas para ter um diploma, ter experiência, crescer na área, em conhecimento e fazer novos cursos, ainda é projeto de vida.

Sem dúvida é bom saber que consegui dar os primeiros passos, sou grata a Instituição pela oportunidade e meu olhar está voltado para o futuro, com muito mais proezas.

A mensagem que posso deixar para os negros, que por vezes se sentem ou lhes é dito que são incapazes de realizar algo, é que simplesmente não acreditem nisso. A cor é só uma característica física e modéstia à parte, muito bonita.
Siga a sua intuição, seu “feeling”, sobretudo leia muito, através da leitura a mente se expande, melhora a capacidade de expressão, entre outras coisas e estude bastante. E que seja forte, seja você mesmo, respeite sempre e exija o mesmo. Só assim vamos quebrando paradigmas e desconstruindo mitos de quem enxerga primeiro a nossa cor e não o valor que temos como pessoa.

Yuri César Silva de Jesus
SEMINARISTA DA CONGREGAÇÃO DA MISSÃO
yucesilva2000@gmail.com

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