Religião

Paciência ajuda a transformar nossa vida

Primeiro, cuide da paciência; segundo, paciência; terceiro, paciência.

Paciência ajuda a transformar situações terríveis em experiências valiosas
A solução está debaixo de seus pés.

Esta semana começou com o forte desejo de deslocamento, de reencontro com amigos queridos, poucos, afinal a pandemia também serviu para mostrar a face mesquinha e desleal de alguns tantos, a turma da farinha pouca meu pirão primeiro, e com o sentimento de saturação, desassossego com a situação do país, dos mais afligidos, das hordas de gentes mal consideradas e tratadas por governos de araque, corruptos, que roubam respiradores, fraudam auxílios emergenciais, massacram indígenas e ribeirinhos, afrontam a história e as raízes de nossa cultura, desprezam a arte e cospem nos artistas, que consideram o uso de máscara “coisa de viado”, de brutamontes ignorantes erigidos a líderes partidários, de tipos grosseiros, desqualificados, militantes incansáveis da política de achincalhes e ofensas pelas redes sociais, enfim, de país que purga, de modo doloroso e cruel, seus erros, suas omissões, seu jeitinho, sua imodéstia e sua falta de responsabilidade cívica.

Dia após dia, desesperança em forma de imagens e informações sobre condutas e fatos grotescos, de contaminação crescente, da insensibilidade dos dementes que pagarão, sobre isso não há dúvida, quando saírem de seus cargos-barricas;

Erroneamente, acham que podem muito, mas não podem tudo e nem para todo o sempre.
Pelo contrário, refratários às lições fartas e duras dos acontecimentos históricos, negacionistas e promotores de inverdades e tolices fenomenais, viverão seu triunfo e queda, do mesmo tamanho ou maior.

Vergonha por autoridades e empresários espertalhões, verdadeiros meliantes, assaltantes dos cofres públicos e sonegadores de impostos, ceifadores de vidas de milhares, incapazes de derramar uma lágrima sincera ou praticar um gesto decente de solidariedade, empatia ou misericórdia.

Serão banidos esses malfeitores, embora ainda em ritmo lento em desalento que não tem mais fim.

Por outro lado, alegria e conforto imenso por milhares que se dedicam a outros, pelos profissionais da saúde, pela beleza do espetacular trabalho da Fiocruz, pelas iniciativas extraordinárias de anônimos, anjos prestadores de socorros a tantos e tantos necessitados.
Loas e loas às ações efetivas de cooperação, compartilhamento, acolhimento, de doação de gêneros, de recursos, de mobilização ampla.

Que trabalho fantástico incrível em Heliópolis, de prevenção e ajuda aos moradores em escala abismal.

Viva as Redes da Maré, que orgulho por ver a atuação de pessoas do calibre de Eliane Souza e Silva e de seu marido Jaílson de Souza e Silva, diretor do Observatório de Favelas.

Este é o Brasil de primeira linha!

Regozijo também por ver revistas e periódicos digitais da melhor qualidade e compromisso, divulgando, sem trégua, a imensa produção de ideias, debates, interpretações, análises afiadoras e desafiadoras que nos possibilitam rever, pensar e buscar alternativas de inserção e compreensão de um mundo em tombo e que se levanta lenta e complicadamente, onde todos nós, ainda perdidos, estamos à procura do próprio lugar, dos afazeres e quereres.

Semana que se encerra em toada distinta da abertura melancólica, sob meditação estimulada por antiga atualíssima entrevista (redescoberta em visita a arquivos d’antanho) do mestre Tokuda, figura queridíssima e sapientíssima do zen budismo, muito conhecido em MG, que em meio a várias profundas observações sobre situações de estresse diz:
“lembre-se, sempre, primeiro, cuide da paciência;

Segundo, paciência; terceiro, paciência; quarto, não tem; quinto, paciência de novo…

A experiência de sofrimento e essas coisas é o maior aprendizado…Experiências dolorosas são muito importantes como experiências valiosas… Olha, sempre tem soluções.
A solução não está longe. Está debaixo do seu pé.
Olha onde você está. Por que você é assim?

A resposta está toda em cima disso, e a resposta é sempre maravilhosa.

A força do zen budismo é transformar aquelas situações terríveis em uma coisa maravilhosa… Só lembrar isso, já é alguma coisa … Aproveite essas situações terríveis”.

*Eleonora Santa Rosa – Jornalista, gestora e empreendedora cultural, foi Secretária de Estado de Cultura de Minas Gerais. Ex-diretora do Centro de Estudos Históricos e Culturais da Fundação João Pinheiro, exerceu diversas funções públicas ao longo de sua trajetória de mais de 35 anos de trabalho.

Recentemente, de novembro de 2017 a novembro de 2019, dirigiu o Museu de Arte do Rio – MAR.

Estrategista Cultural, concebeu, coordenou e implantou diversos projetos, programas, iniciativas e equipamentos culturais de repercussão nacional.
É fundadora e diretora do Santa Rosa Bureau Cultural, prestando assessoria e consultoria cultural nos mais diversos segmentos, tanto públicos como privados.
Autora do livro Interstício.

Fonte: Dom Total

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