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Brasil e Covid-19, uma relação de fome e morte

Covid-19 coloca Brasil como epicentro da fome extrema no mundo.

Oxfam afirma que 122 milhões podem ser levados à beira da fome no mundo e critica falta de assistência devida aos pobres no Brasil.
Apenas 10% do auxílio financeiro prometido pelo governo federal aos trabalhadores e às empresas foi distribuído até junho

Até 12 mil pessoas podem morrer por fome diariamente, até o final de 2020, devido às consequências da pandemia de Covid-19 – mais do que pela doença em si –, alerta a Oxfam no documento O Vírus da Fome: como o coronavírus está potencializando a fome em um mundo faminto lançado nessa quarta-feira.

O documento revela como 122 milhões de pessoas podem ser levadas à beira da fome este ano como resultado dos impactos sociais e econômicos causados pela pandemia de coronavírus.

O risco maior se concentra em 10 países, considerados centros da fome extrema no mundo hoje:
Iêmen, República Democrática do Congo (RDC), Afeganistão, Venezuela, Sahel da África Ocidental, Etiópia, Sudão, Sudão do Sul, Síria e Haiti.

A covid-19 é a última gota para milhões de pessoas que já lutam dia após dia com os impactos causados por conflitos armados, mudança climática, desigualdades e um sistema viciado de produção de alimentos, que permitiu que os oito maiores fabricantes de alimentos e bebidas pagassem mais de US$ 18 bilhões a acionistas desde janeiro, conforme a pandemia se espalhava pelo mundo”, afirma a diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Drager Maia.

“Esse valor é 10 vezes maior que a quantia que a ONU diz ser necessária para acabar com a fome no planeta.”

Risco de disparada da fome no Brasil.

No Brasil, milhões de trabalhadores em situação de pobreza, sem recursos para se protegerem durante o necessário período de distanciamento social, perderam sua renda devido à pandemia.
Apenas 10% do auxílio financeiro prometido pelo governo federal aos trabalhadores e às empresas, via o Programa Emergencial de Suporte ao Emprego (PESE), foi distribuído até junho.

Enquanto isso, grandes empresas obtiveram mais benefícios do governo do que trabalhadores e micro e pequenas empresas.

Além disso, apenas 47,9% do montante destinado ao auxílio emergencial às pessoas em situação de vulnerabilidade foi distribuído até início de julho.

“Os riscos de disparada da fome no país são imensos quando o Estado brasileiro falha em garantir as condições mínimas de sobrevivência a todas as pessoas impactadas pela pandemia”, afirma Maitê Guato, gerente de Programas e Campanhas da Oxfam Brasil.

“Não basta criar programas de proteção, o que muda a vida das pessoas é fazer os recursos chegarem na ponta.”

De acordo com o documento lançado pela Oxfam, o Brasil está entre os prováveis epicentros da fome no mundo, juntamente com Índia e África do Sul, onde milhões de pessoas estão à beira da grave insegurança alimentar e pobreza extrema.

“Em 2014, o Brasil saiu do Mapa da Fome da FAO e essa foi uma grande conquista nacional.
Não podemos ser negligentes e não tomar todas as medidas para prevenir a escalada da fome no país, durante e depois que a epidemia passar”, afirma Gauto.

Mulheres são as que mais sofrem com a fome.

No mundo, as mulheres que em geral desempenham papel crucial como trabalhadoras rurais e produtoras de alimentos, são as que mais correm risco de passar fome.
Elas já são vulneráveis devido à discriminação sistêmica, que faz com que elas recebam menos do que homens pelo mesmo trabalho e detenham menor posse de terra do que eles.

As mulheres também são maioria no grupo de trabalhadores informais, que no Brasil representa cerca de 40% da população economicamente ativa e que estão sofrendo as maiores consequências econômicas da pandemia.

“Os governos têm que conter o avanço dessa doença mortal, mas é vital também que tomem iniciativas para impedir que a pandemia mate ainda mais pessoas de fome”, afirma Katia Maia.
“Os governos podem salvar vidas agora financiando o apelo covid-19 da ONU e cancelando as dívidas de países em desenvolvimento para liberá-los a investir em redes de segurança social.”

Impactos da pandemia aumenta crise da fome.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU estima que o número de pessoas em nível de crise de fome – definida como nível 3 da Classificação Integrada de Fases da Segurança Alimentar (IPC) da ONU – aumentará em cerca de 121 milhões de pessoas este ano como resultado dos impactos socioeconômicos da pandemia.

A taxa de mortalidade diária estimada para o IPC a partir do nível 3 é de 0,5 – 1 a cada 10 mil pessoas, equivalente a 6.050 – 12.100 mortes por dia devido à fome como resultado da pandemia até o fim de 2020.
A taxa de mortalidade diária observada globalmente para a covid-19 teve pico em abril de 2020 com pouco mais de 10 mil mortes por dia, e ficou aproximadamente entre 5 mil e 7 mil mortes diárias nos meses seguintes de acordo com dados da John Hopkins University.

Ação humanitária contra a fome no Brasil.

A Oxfam Brasil lançou uma campanha emergencial no país para levar ajuda humanitária a famílias em situação de vulnerabilidade.
Nossa ação oferece ajuda por quatro meses a famílias de Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, para que possam se manter e não ser empurradas para miséria e fome.

A ação é feita em parceria com as organizações Criola, Inesc, Ação Educativa, Fase, Ibase e Instituto Pólis.

Redação Dom Total com Oxfam

Fonte: Dom Total

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