Após chamar Covid-19 de ‘gripezinha’, presidente culpa governadores por mortes no Brasil.
Covid-19 é apenas uma ‘gripezinha’. Governador de São Paulo rebateu e sugeriu a Bolsonaro sair de Brasília.
Mesmo com disparada no número de mortes, presidente é a favor do fim do isolamento.
Defensor do fim do isolamento social, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (29) que não se responsabiliza pelas mortes pela Covid-19. Segundo ele, “a conta” deve ser direcionada para os governadores e prefeitos que adotaram medidas de restrição.
Ele citou em especial João Doria (PSDB), governador de São Paulo, estado mais afetado pela doença. Doria respondeu.
“Não adianta a imprensa querer colocar na minha conta essas questões que não cabem a mim”, destacou.
“O Supremo (Tribunal Federal) decidiu que quem decide essas questões (sobre restrição) são governadores e prefeitos”, disse.
Apesar de tentar se eximir da culpa pelas milhares de mortes, Bolsonaro é contra a única medida eficaz para conter o avanço do vírus: o isolamento social.
Tanto que editou um novo decreto para ampliar a lista de serviços essenciais que podem funcionar durante o período de enfrentamento do novo coronavírus no país.
O presidente vem tentando afrouxar as ações para reabrir setores produtivos com a justificativa de que é preciso preservar a economia e os empregos.
O novo decreto está publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, um dia depois de o Brasil ter ultrapassado a marca de 5 mil mortes causadas pela doença, superando os números da China.
Nesta terça-feira (28), quando questionado sobre o dado o presidente Bolsonaro disse:
“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”.
Bolsonaro hoje voltou a lamentar o número de mortes, mas ressaltou que “sabia que ia acontecer”.
O chefe do Executivo destacou o impacto da pandemia na atividade econômica, repetindo que sua preocupação sempre foi “vidas e emprego”.
Bolsonaro falou que a “segundo onda” do desemprego provocará uma “recessão gravíssima”.
Ele citou as ações do governo de combate a Covid-19, como o pagamento do auxílio emergencial e a liberação de recursos extras para a Saúde.
“O que estou fazendo é sugerir ao Ministério da Saúde medidas para a gente voltar rapidamente, tá?
Com responsabilidade, (voltar) a uma normalidade.
Como disse um parlamentar aqui, os países que adotaram o isolamento horizontal foi onde mais faleceram (sic) gente”, disse.
Bolsonaro estava acompanhado de deputados do PSL, seu antigo partido, que defenderam o presidente, o fim do isolamento social e retomada do trabalho.
Nesta quarta (29), o presidente recebeu os parlamentares da legenda para um café da manhã no Palácio da Alvorada.
Doria rebate.
João Doria iniciou sua coletiva desta quarta-feira (29) criticando o presidente Jair Bolsonaro:
“O senhor disse: ‘O que eu posso fazer?’. Eu posso enumerar algumas atitudes que o senhor já deveria ter tomado. Começando por respeitar os brasileiros”.
“Não acho que vidas são números.
Nem meus filhos, presidente Bolsonaro, são tratados por números.
São tratados pelos nomes. Com carinho e com afeto.
Espero que o senhor possa resgatar seu sentimento para ter um olhar de carinho e compaixão pelos brasileiros”.
“O senhor disse que era gripezinha. E agora, presidente, com mais de cinco mil mortes? Venha a São Paulo visitar comigo o HC e ver o que é a gripezinha.
Se não quiser vir a São Paulo, vá a Manaus”, diz governador.
Fonte: Agência Estado/DomTotal