Assim, lavar os pés dos discípulos, foi um exemplo de amor.
Pois, assim como esse exemplo de lavar os pés dos outros, nós devemos viver nossa missão.
Liturgia do Dia 9 de Abril – Quinta-feira
CEIA DO SENHOR
Antífona de Entrada
A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e libertou (Gl 6,14).Oração do dia
Ó Pai, estamos reunidos para a santa ceia, na qual o vosso Filho único, ao entregar-se à morte, deu à sua Igreja um novo e eterno sacrifício, como banquete do seu amor. Concedei-nos, por mistério tão excelso, chegar à plenitude da caridade e da vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.
Leitura (Êxodo 12,1-8.11-14)
Leitura do livro do Êxodo.
O Senhor disse a Moisés e a Aarão:
“Este mês será para vós o princípio dos meses: tê-lo-eis como o primeiro mês do ano.
Dizei a toda a assembléia de IsraeL: no décimo dia deste mês cada um de vós tome um cordeiro por família, um cordeiro por casa.
Se a família for pequena demais para um cordeiro, então o tomará em comum com seu vizinho mais próximo, segundo o número das pessoas, calculando-se o que cada um pode comer.
O animal será sem defeito, macho, de um ano; podereis tomar tanto um cordeiro como um cabrito.
E o guardareis até o décimo quarto dia deste mês; então toda a assembléia de Israel o imolará no crepúsculo.
Tomarão do seu sangue e pô-lo-ão sobre as duas ombreiras e sobre a verga da porta das casas em que o comerem.
Naquela noite comerão a carne assada no fogo com pães sem fermento e ervas amargas.
Eis a maneira como o comereis: tereis cingidos os vossos rins, vossas sandálias nos pés e vosso cajado na mão. Comê-lo-eis apressadamente: é a Páscoa do Senhor.
“Naquela noite, passarei através do Egito, e ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como os dos animais, e exercerei minha justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor.
O sangue sobre as casas em que habitais vos servirá de sinal (de proteção): vendo o sangue, passarei adiante, e não sereis atingidos pelo flagelo destruidor, quando eu ferir o Egito.
Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor:
fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua.
Palavra do Senhor.
Lavar os pés dos discípulos.
Salmo Responsorial 115/116B
O cálice por nós abençoado
é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.
Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor.
É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos.
Eis que sou o vosso servo, ó Senhor,
mas me quebrastes os grilhões da escravidão!
Por isso oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.
Lavar os pés dos discípulos, o mandamento do amor.
Leitura (1 Coríntios 11,23-26)
Leitura da carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão
e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim”.
Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo:
“Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim”.
Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha.
Palavra do Senhor.
Eu vos dou este novo mandamento, nova ordem agora vos dou, que, também, vos ameis uns aos outros, como eu vos amei, diz o Senhor (Jo 13,34).
Evangelho (João 13,1-15)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou.
Durante a ceia, – quando o demônio já tinha lançado no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de traí-lo -, sabendo Jesus que o Pai tudo lhe dera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-se da mesa, depôs as suas vestes e, pegando duma toalha, cingiu-se com ela.
Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido.
Chegou a Simão Pedro. “Mas Pedro lhe disse: Senhor, queres lavar-me os pés!”
Respondeu-lhe Jesus: “O que faço não compreendes agora, mas compreendê-lo-ás em breve”.
Disse-lhe Pedro: “Jamais me lavarás os pés!” Respondeu-lhe Jesus: “Se eu não tos lavar, não terás parte comigo”.
Exclamou então Simão Pedro: “Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça”.
Disse-lhe Jesus: “Aquele que tomou banho não tem necessidade de lavar-se; está inteiramente puro. Ora, vós estais puros, mas nem todos!”
Pois sabia quem o havia de trair; por isso, disse: “Nem todos estais puros”.
Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou-se novamente à mesa e perguntou-lhes: “Sabeis o que vos fiz?
Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.
Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros.
Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós”.
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
Lavar os pés dos discípulos, um exemplo convincente.
Primordialmente, o grupo de discípulos de Jesus teve muitas oportunidades de ser instruído por ele, em suas contínuas peregrinações.
Cada um, porém, trazia consigo seus esquemas culturais e religiosos, nem sempre fáceis de serem questionados e de passarem por um processo de conversão.
Como sabemos, um destes esquemas dizia respeito à desigualdade fundamental entre as pessoas e à consequente relação de superioridade de umas sobre as outras.
A proposta de Reino, proclamada por Jesus, partia da igualdade fundamental entre todos os seres humanos.
Portanto, a mentalidade reinante chocava-se frontalmente com o seu projeto. E Jesus não hesitou em tocar neste tabu.
Dessa maneira, a forma escolhida foi a de por-se a lavar os pés dos discípulos, por ocasião da última ceia.
Por isso, a reação impertinente de Pedro revelou seu horizonte cultural.
Assim, Jesus o questionou: se ele não estivesse disposto a deixá-lo lavar-lhe os pés, não teria a menor condição de continuar a ser seu discípulo.
Nesse sentido, se Pedro impedisse o Mestre de assumir a postura serviçal de um escravo, invertendo os papéis, futuramente haveria de se perpetuar, na comunidade cristã, a estrutura social denunciada pela pregação de Jesus.
O Reino, neste caso, ficaria privado de sua originalidade e o projeto de Deus dificilmente se implantaria na história humana.
Portanto, a lição do Mestre era cristalina: sua dignidade não ficou diminuída por ter-se curvado diante dos discípulos.
Oração
Senhor Jesus, que teu gesto de humildade quebre os esquemas mentais que me impedem de tornar-me humilde servidor.