Liturgia Diária

A mulher que Jesus defendeu da hipocrisia humana

Em Jesus a mulher encontrou a misericórdia.

Pela malícia e hipocrisia de poucos a mulher logo seria apedrejada.

Liturgia do Dia 30 de Março – Segunda-feira
V SEMANA DA QUARESMA
Antífona de Entrada
Tende piedade de mim, Senhor, pois me atormentam; todos os dias me oprimem os agressores (Sl 55,2).

Oração do dia
Ó Deus, que pela vossa graça inefável nos enriqueceis de todos os bens, concedei-nos passar da antiga à nova vida, preparando-nos assim para o reino da glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

A mulher teve Jesus para defendê-la.

Leitura (Daniel 13,1-9.15-17.19-30.33-62 ou 41-62)
Leitura da profecia de Daniel.

Naqueles dias, havia um homem chamado Joaquim, que habitava em Babilônia.
Tinha desposado uma mulher chamada Suzana, filha de Helcias, de grande beleza, e piedosa,
porque havia sido educada segundo a lei de Moisés por pais honestos.

Joaquim era sumamente rico. Junto à sua casa havia um pomar.

Os judeus reuniam-se frequentemente em casa dele, porque gozava de uma particular consideração entre seus compatriotas.
Haviam sido nomeados juízes, naquele ano, dois anciãos do povo, aos quais se aplicava bem a palavra do Senhor: “A iniquidade surgiu, em Babilônia, de anciãos juízes que passavam por dirigentes do povo”.

Esses dois personagens frequentavam a casa de Joaquim, aonde vinham consultá-los todos aqueles que tinham litígio.

Lá pelo meio-dia, quando toda essa gente tinha ido embora, Suzana vinha passear no jardim de seu marido.

Os dois anciãos viam-na portanto todos os dias durante seu passeio, tanto que se apaixonaram por ela e,
perdendo a justa noção das coisas, desviaram os olhos para não ver mais o céu e não ter mais presente no espírito a verdadeira regra de comportamento.
Enquanto calculavam qual seria o momento propício, eis que Suzana chegou como de costume, com duas empregadas, e tomou a resolução de banhar-se, pois fazia calor.

Lá não havia ninguém, salvo os dois anciãos escondidos, que a espreitavam.

“Trazei-me”, disse ela às duas empregadas, “óleo e unguentos, e fechai as portas do jardim, para eu me banhar”.
Apenas saíram, os dois homens precipitaram-se em direção de Suzana.
As portas do jardim estão fechadas, disseram-lhe, “ninguém nos vê. Ardemos de amor por ti. Aceita, e entrega-te a nós.
Se recusares, iremos denunciar-te: diremos que havia um jovem contigo, e que foi por isso que fizeste sair tuas servas”.

Suzana exclamou tristemente: “Que angústias me envolvem por todos os lados! Consentir?

Eu seria condenada à morte! Recusar?

Nem assim eu escaparia de vossas mãos!
Não! Prefiro cair, sem culpa alguma, em vossas mãos, do que pecar contra o Senhor”.
Suzana soltou grandes gritos, e os dois anciãos gritavam também contra ela.
E um deles, correndo às portas do jardim, abriu-as.
Com essa balbúrdia, os criados precipitaram-se pela porta do fundo para ver o que havia acontecido.

Os anciãos se puseram a falar, e os criados enrubesceram, pois jamais nada de semelhante fora dito de Suzana.

No dia seguinte, os dois anciãos, cheios de criminosas intenções contra a vida de Suzana, vieram à reunião que se realizava em casa de Joaquim, marido dela.
Disseram, diante da assembleia: “Mandem buscar Suzana, filha de Helcias, a mulher de Joaquim!” Foram-na buscar,
e ela chegou com seus pais, seus filhos e os membros de sua família.

Os seus choravam, assim como seus amigos.

Os dois anciãos levantaram-se à vista de todos, e pousaram a mão sobre sua cabeça, enquanto ela, debulhada em lágrimas, mas com o coração cheio de confiança no Senhor, olhava para o céu.
Os anciãos disseram então: “Quando passeávamos pelo jardim, ela entrou com duas servas; depois fechou a porta e mandou embora suas acompanhantes.

Então, um jovem que se achava escondido ali, aproximou-se e pecou com ela.

Nós nos encontrávamos num recanto do jardim. Diante de tal desvergonhamento, corremos para eles e os surpreendemos em flagrante delito.
Não pudemos agarrar o homem, porque era mais forte do que nós, e fugiu pela porta aberta.

Ela, nós a apanhamos; mas quando a interrogamos para saber quem era o jovem, recusou-se a responder. Somos testemunhas do fato”.
Confiando nesses homens, que eram anciãos e juízes do povo, condenaram Suzana à morte.
Então ela exclamou bem alto: “Deus eterno, vós que penetrais os segredos, que conheceis os acontecimentos antes que aconteçam,
sabeis que isso é um falso testemunho que levantaram contra mim. Vou morrer, sem nada ter feito do que maldosamente inventaram de mim”.

Deus ouviu sua oração.

Como a levassem para a morte, o Senhor suscitou o espírito íntegro de um adolescente chamado Daniel, que proclamou com vigor: “Sou inocente da morte dessa mulher!”
Todo mundo virou-se para ele: “O que significa isso?”, perguntaram-lhe.
Então, no meio de um círculo que se formava, disse: “Israelitas, estais loucos!
Eis que condenais uma israelita sem interrogatório, sem conhecer a verdade!

Recomeçai o julgamento, porque é um falso testemunho a declaração desses dois homens contra ela”.

O povo apressou-se em voltar. Os anciãos disseram a Daniel: “Vem sentar conosco e esclarece-nos, pois Deus te deu o privilégio da velhice!”
“Separai-os um do outro”, exclamou Daniel, “e eu os julgarei”. Foram separados.
Então Daniel chamou o primeiro e disse-lhe: “Velho perverso! Eis que agora aparecem os pecados que cometeste outrora em julgamentos injustos,
condenando os inocentes e absolvendo os culpados; no entanto, é Deus quem diz: ‘não farás morrer o inocente e o íntegro’.
Vamos!

A mulher teve Jesus para defendê-la da malícia e da hipocrisia dos seus acusadores.

Se realmente a viste, dize-nos debaixo de qual árvore os viste juntos?” “Debaixo de um lentisco”, respondeu.
“Ótimo!”, continuou Daniel, “eis a mentira, que pagarás com tua cabeça.
Eis aqui o anjo do Senhor que, segundo a sentença divina, vai dividir teu corpo pelo meio”.
Afastaram o homem. Daniel mandou vir o outro e disse-lhe:

“Filho de Canaã! Tu não és judeu: foi a beleza que te seduziu, e a concupiscência que te perverteu.

Foi assim que sempre fizeste com as filhas de Israel, as quais, por medo, entravam em relação convosco. Mas eis uma filha de Judá que não consentiu no vosso crime.
Vamos, dize-me sob qual árvore os surpreendeste em intimidade”. “Sob um carvalho”.
“Ótimo!”, respondeu Daniel, “tu também proferiste uma mentira que vai te custar a vida.

Eis aqui o anjo do Senhor, que empunha a espada, prestes a serrar-te pelo meio para te fazer perecer”.

Logo a assembleia se pôs a clamar ruidosamente e a bendizer a Deus por salvar aqueles que nele põem sua esperança.
Toda a multidão revoltou-se então contra os dois anciãos os quais, por suas próprias declarações, Daniel provou terem dado falso testemunho.
De acordo com a lei de Moisés, aplicaram o tratamento que tinham querido infligir ao seu próximo: foram mortos.
Assim, naquele dia, foi poupada uma vida inocente.
Palavra do Senhor.

Em Jesus a mulher encontrou a misericórdia.

Salmo Responsorial 22/23
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal eu temerei, estais comigo.

O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.
Pelo prados e campinas verdejantes
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha
e restaura as minhas forças.

ele me guia no caminho mais seguro,
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal eu temerei.
Estai comigo com bastão e com cajado,
eles me dão a segurança!

Preparais à minha frente uma mesa,
bem à vista do inimigo;
com óleo vós ungis minha cabeça,
e o meu cálice transborda.

Felicidade e todo bem hão de seguir-me
por toda a minha vida;
e na casa do Senhor habitarei
pelos tempos infinitos.

Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta e tenha vida (Ez 33,11).

Evangelho (João 8,1-11)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.

Naquele tempo, 8 1 dirigiu-se Jesus para o monte das Oliveiras.
Ao romper da manhã, voltou ao templo e todo o povo veio a ele.
Assentou-se e começou a ensinar.
Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora apanhada em adultério.

Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: “Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério.
Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a isso?”

Perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo.

Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra.
Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”.

Inclinando-se novamente, escrevia na terra.

A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele.
Então ele se ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe: “Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?”
Respondeu ela: “Ninguém, Senhor”. Disse-lhe então Jesus: “Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar”.
Palavra da Salvação.

Comentário ao Evangelho

A mulher teve Jesus para defendê-la da malícia e da hipocrisia

Primordialmente, vemos o episódio do julgamento frustrado da mulher flagrada em adultério chama a atenção para o tipo de juízo a que Jesus será submetido, chegando até ser condenado à morte.
Assim, a malícia e a hipocrisia que condenaram a mulher haveriam de recair também sobre Jesus.
Os mestres da Lei e os fariseus, ao surpreenderem a mulher em adultério, conheciam perfeitamente a providência a ser tomada.

Aliás, eles mesmos se confessaram conhecedores da Lei, a qual ordenava a lapidação imediata das adúlteras.

Portanto, não tinha sentido interrogar Jesus a este respeito.
Pois, o que os adversários visavam era colher provas contra ele, saídas de sua própria boca.

De fato, quem estava sendo julgado era Jesus, não a mulher adúltera.

Sendo assim, o gesto sereno do Mestre, apesar da insistência de seus inquisidores, foi uma clara demonstração de que ele não os temia.
Continuou a escrever no chão. Depois disso, ergueu-se para confrontá-los com uma pergunta fulminante:

“Quem de vocês não tiver pecado, seja o primeiro a apedrejar esta mulher!”.

Então, toda a malícia de seus adversários ficou patente, pois foram se retirando, um por um, a começar pelos mais velhos.
É porque não tinham moral para julgar a adúltera, e muito menos para julgar Jesus.

Por isso, era necessário que tratassem de se corrigir, antes de se arvorarem em juizes do próximo!
A mulher teve Jesus para defendê-la da malícia e da hipocrisia dos seus acusadores.
Quanto a Jesus, haveria de ser condenado por pecados que não cometeu.

Oração
Pai, tira do meu coração a maldade e a hipocrisia que me tornam juiz iníquo do meu semelhante, não me permitindo ver a necessidade de pôr em ordem a minha vida.

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