Todo nascimento de uma criança é sinal de que Deus acredita na humanidade.
Assim, Deus que se fez humano, carne e que habitou entre nós. Emanuel!
Pois, por amor a humanidade Deus se fez humano.
Natal: Eu vim para que todos tenham vida (Jo 10,10)
Nenhuma forma de discriminação se justifica diante desta criança que nasce em Belém
O Natal tem uma beleza extraordinária. Natal é vida! Celebrar o nascimento de Jesus é resgatar a esperança em uma sociedade inclusiva, coerente com a vontade do Pai.
É tempo de reconhecer e celebrar o divino encarnado no humano. Deus que se fez carne e que habitou entre nós. Emanuel!
Os cristãos encontram em Jesus o caminho de acesso ao mistério maior.
É glorificar a Trindade. O Pai que nos convida, o Filho que nos interpela e provoca e o Espírito Santo que nos faz sair de nós mesmos, provocando mudanças.
Mas, para chegar à confissão de fé na divindade de Jesus Cristo, tudo tem que começar em sua humanidade. É por isso que Deus se fez carne em Jesus de Nazaré.
Deus que entra na história humana para animá-la de dentro e conduzi-la à sua plenitude, capacitando-nos a superar as forças da morte com as forças da vida e do amor.
A experiência do mistério do Natal de Jesus é desinstaladora:
provoca rupturas com os círculos fechados e de abertura a novos horizontes de liberdade.
Sua mensagem não toca apenas núcleos cristãos privilegiados, mas a todos os povos, religiões e culturas, no respeito às diferenças que são sagradas e irrevogáveis.
Jesus pertence a toda a humanidade.
Ele não é monopólio de algum grupo ou religião.
Jesus ensina a gramática do que é ser humano sublinhando a vulnerabilidade que envolve o mistério da encarnação e a eminente dignidade do corpo humano.
Natal é fazer escolhas.
É a alegria da conversão diária. Toda a história bíblica é marcada por caminhadas, movimentos geográficos e espirituais, mudanças do coração.
“E, depois de terem reconduzido os barcos para terra, deixaram tudo e seguiram Jesus” (Lc 5,11).
Para além da transformação interior é preciso trilhar o caminho de uma vida concreta verdadeiramente cristã.
Jesus não escolheu nascer entre os poderosos, os ricos, os violentos, os latifundiários e banqueiros mas junto aos insignificantes.
Não na ostentação e na fama, mas entre os desprezados.
O que define Deus não é poder e riqueza que, interessado na própria honra, exige adoração.
Jesus nasce para todos e doa a todos o amor de Deus”. Não se pode adorar verdadeiramente a Deus e dar as costas aos necessitados (1 Jo 5,20).
O convite à misericórdia e à simplicidade é o grande legado do Natal.
Nenhuma forma de discriminação se justifica diante desta criança que nasce em Belém. “Jesus conhece bem a tribulação de não ser acolhido e a dificuldade de não ter um lugar onde poder reclinar a cabeça” lembra papa Francisco, que completa:
“Que o nosso coração não fique fechado como ficaram as casas de Belém”.
São tempos sombrios. Com a Bíblia em punho muitos pregam a violência, o ódio, a discriminação de toda espécie.
Uma sociedade hipócrita como os fariseus: “Vocês são como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e podridão!
Assim também vocês: por fora parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça” (Mt 23,27-28).
Natal “é o tempo da inocência, da pureza, da mansidão, da alegria e da paz que nos encontra cada vez mais semelhantes Àquele que, neste tempo.
Se tornou criança por nosso amor; que em cada novo Natal nos encontre mais simples, mais humildes, mais santos, mais caridosos, mais resignados, mais alegres, mais repletos de Deus” (John Henry Cardeal Newman).
Quando nos tornamos humanos como Jesus escolhemos um lado, sem medo da mudança.
Com coragem devemos “transformar o modo de viver, de comunicar, “de compreender e viver a fé e a ciência” (papa Francisco).
Deus se fez humano e partilhou o nosso sofrimento. Com coragem devemos lutar pelo Jesus que é morador de rua, que é migrante e refugiado, negro, homoafetivo, sem-terra, que é mulher violentada, criança faminta. Lute por todos aqueles que são humilhados e descartados pela sociedade.
Todo nascimento de uma criança é sinal de que Deus acredita na humanidade.
Em Jesus, Deus mesmo quis fazer-se criança para estar conosco. Só uma Igreja que entendeu o sentido do Natal tornará Deus presente neste mundo.
Quando todo povo for tratado com dignidade e respeito então haverá Natal!
Que as festas de Natal não eliminem a mensagem revolucionária do menino Jesus. Que Ele nos desperte do sono da hipocrisia e da indiferença. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Portanto, Feliz Natal, hoje e sempre.
Élio Gasda é doutor em Teologia, professor e pesquisador na Faje.
Autor de: Trabalho e capitalismo global: atualidade da Doutrina social da Igreja (Paulinas, 2001), assim como Cristianismo e economia (Paulinas, 2016).
Fonte: Dom Total
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