A emergência climática é a questão política central da atualidade
Emergência climática é a questão política central da atualidade.
A cada semana ocorre um desastre causado por mudanças climáticas “O mundo deve escolher entre esperança e capitulação.
Os últimos cinco anos foram os mais quentes já registrados”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, aos representantes de quase 200 países reunidos em Madrid.
Eles participam da maior Conferência sobre Mudanças Climáticas do mundo, a COP 25 (2 a 13 de dezembro).
Na pauta, as medidas a serem tomadas para alcançar a meta estabelecida no Acordo de Paris para limitar o aquecimento global.
A emergência climática é a questão política central da atualidade.
Aumento do nível do mar, derretimento das calotas polares, secas, alagamentos, incêndios na Amazônia, ciclones e enchentes no Moçambique etc.
Nove em cada 10 desastres naturais são causados pela emergência climática.
A cada semana ocorre um desastre causado por mudanças climáticas, segundo a ONU.
Eventos de menor escala, incluindo ondas de calor intensas, tempestades, inundações e ventos fortes, são ofuscados por desastres catastróficos.
Diante dos protestos mundiais pelo clima, o dicionário Collins escolheu “greve do clima” como a expressão do ano em 2019.
O uso do termo aumentou mais de 100 vezes em relação a anos anteriores.
Oxford, um dos principais dicionários de língua inglesa, elegeu o termo “emergência climática” como sua palavra do ano de 2019.
A publicação define a expressão como “uma situação em que é necessária ação urgente para reduzir ou interromper a mudança climática e evitar danos ambientais potencialmente irreversíveis”.
Jovens influindo na linguagem universal! Um dos mais importantes atores a enfrentar a crise climática é a juventude, movimento simbolizado pela adolescente Greta Thunberg.
Que sociedade queremos? O que a Black Friday tem a ver com a Conferência de Madrid?
A Black Friday vem dos Estados Unidos e acontece no dia seguinte ao Thanksgiving, dia de ação de graças dos católicos.
Excesso de consumo, descontos enganosos, poluição que representam milhares de entregas geradas pelas vendas.
A sociedade já ultrapassou a capacidade de carga do planeta e precisa reduzir o nível de produção e consumo.
Quem sofre as consequências do aquecimento global serão especialmente as populações mais pobres da África e da Ásia, com guerras e migrações, fome e seca.
Os migrantes econômicos serão cada vez mais migrantes climáticos.
O relatório 2019 “Mudança climática e território”, do comitê científico da ONU sobre clima, centra-se nas alterações climáticas e no território, estudando as consequências do aquecimento na agricultura e nas florestas.
Chuvas violentas, enchentes, secas e desertificação são eventos com frequência cada vez maior e nos próximos anos serão amplificados pelo aquecimento global.
O solo e a biodiversidade estão sofrendo enorme pressão devido ao aumento do desmatamento da Amazônia, incêndios que estão devastando a Sibéria e a Indonésia.
Esses fenômenos têm um impacto direto sobre a vida de milhões de pessoas e sobre o clima.
A mudança climática aumenta a desigualdade entre as nações, puxando para baixo o crescimento econômico dos países empobrecidos, incapazes de fazer frente sozinhos aos efeitos econômicos do aquecimento global.
Países africanos têm contribuído muito pouco para a piora do aquecimento global, mas são os que mais sofrem seus impactos.
Em março, mais de 900 pessoas morreram em Moçambique, Malauí e Zâmbia como consequência do Ciclone Idai.
A emergência climática é a questão política central da atualidade
Há boas notícias também: Itália torna obrigatório estudo de mudanças climáticas em escolas.
As disciplinas abordam temas como viver de forma mais sustentável, combate à poluição dos oceanos e como lidar com a pobreza e a injustiça social.
Todas as escolas estaduais dedicarão cerca de uma hora por semana às questões de sustentabilidade e mudanças climáticas a partir de 2020.
Tem razão Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol: “Só os fanáticos negam o aquecimento global”.
O Brasil chega à COP25 pressionado por Amazônia e falas de Bolsonaro, o vilão ambiental do mundo:
“Questão ambiental é para veganos que só comem vegetais…, mete a foice em todo mundo no Ibama”, disse ele.
Um governo absolutamente antiecológico e irresponsável leva adiante sua obsessão por destruir o meio ambiente.
Não declarou nenhuma nova área de proteção ambiental nem demarcou novas reservas de terras indígenas, questiona os dados oficiais sobre a destruição de florestas tropicais, elaborados pelo próprio governo.
A Amazônia está à venda: quem der menos leva.
À luz da fé cristã, conforme o documento final do Sínodo para a Amazônia, esta situação constitui “um pecado ecológico, uma ação contra Deus, contra o próximo, a comunidade e o meio ambiente.
É um pecado contra as gerações futuras e rompe as redes de solidariedade entre as criaturas e a virtude da justiça” (n. 82).
A saída é promover uma ecologia integral, que impulsione “um modelo de desenvolvimento justo e solidário” (n. 65).
O cuidado com a “Casa Comum” é também missão dos cristãos:
“Deus nos deu a terra como um dom e como tarefa, para cuidá-la e responder por ela; não somos seus donos” (n. 66).
Papa Francisco se destaca como um líder mundial na luta pela ecologia integral.
Cardeal Parolin, secretário de Estado do Vaticano presente em Madrid na COP25, destacou que Francisco, o primeiro pontífice a escrever uma encíclica verde (Laudato sí) confia nesta conferência internacional.
A emergência climática
Esperança ou capitulação? “É preciso interromper nossa guerra contra a natureza” (António Guterres). “É hora da ação!” (slogan da COP25)
*Élio Gasda é doutor em Teologia, professor e pesquisador na Faje.
Autor de: Trabalho e capitalismo global: atualidade da Doutrina social da Igreja (Paulinas, 2001); Cristianismo e economia (Paulinas, 2016).
Fonte: Dom Total