A CASA COMUM PEDE SOCORRO. CARTA ABERTA
A casa Comum.
Recife, 23 de outubro de 2019.
(…) A CRIAÇÃO TODA GEME E SOFRE DORES DE PARTO (…) Rm 8, 22.
Desde o início de 2019, ficou evidenciado as consequências da falta de cuidado com o planeta Terra, a nossa Casa Comum.
O rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Vale, no município de Brumadinho – MG, no mês de janeiro, deixou um rastro de destruição e morte, a degradação socioambiental feita aquele lugar pode ser permanente.
No dia 10 de agosto tivemos o Dia do Fogo, dia em que vários grileiros e latifundiários atearam fogo em vastas áreas da floresta Amazônica provocando o aumento expressivo de 82% nas queimadas em relação ao período de janeiro a agosto de 2018.
Tudo em nome do falso desenvolvimento e do acúmulo de riqueza, promovendo o avanço da fronteira agropecuária e da mineração, inclusive em Terras Indígenas e Unidades de Conservação.
Esta devastação da floresta Amazônica pode trazer consequências gravíssimas para o clima de boa parte da América do Sul diminuindo a quantidade de chuvas no centro-sul do continente.
A partir de setembro deste ano, presenciamos, aqui no Nordeste do Brasil, o fato lamentável das manchas de óleo que atingem o litoral dos nove estados da região.
O óleo se espalha pelas praias, estuários e recifes de corais provocando danos inimagináveis e irreparáveis, ao meio ambiente e as comunidades tradicionais de pescadores e pescadoras, que vivem diretamente do ambiente marinho e estuarino.
Ainda não foi feito o levantamento dos impactos negativos a natureza, as populações tradicionais e ao turismo nas regiões atingidas, mas já é visível a intensidade desse derramamento de óleo.
Principalmente neste caso, não há por parte do governo federal a vontade política para a resolução do problema, além da inércia em tomar decisões emergenciais também não há o empenho em descobrir de onde vazou o óleo, o que gera consequentemente a impunidade para quem cometeu tamanho crime socioambiental.
Diante de tamanha tragédia, ainda temos que assistir o descaso do governo federal, em especial do ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, que tem gasto seu tempo em discussões pelas redes sociais com ONG’s ao invés de discutir resoluções para o problema do vazamento do óleo.
O que está sendo realizado para a limpeza dos locais atingidos pelo óleo vem sendo feito por voluntários, prefeituras locais e governos estaduais, lembrando que estas ações de limpeza são paliativas, sendo necessária uma intervenção sistemática do Estado Brasileiro na origem do problema.
Outra ameaça que paira sobre o Nordeste é o risco da instalação de uma Usina Nuclear, no município de Itacuruba – PE.
Como sempre a promessa feita é a de geração de emprego e desenvolvimento para a região.
Na verdade, o que se esconde por trás desse slogan de desenvolvimento é um monstro que gera um resíduo extremamente perigoso, chamado lixo radioativo, que é um resíduo tóxico e cancerígeno, mesmo em quantidades pequenas.
O resíduo radioativo é armazenado em tanques de resfriamento por um tempo muito longo sem que se acabe a radioatividade.
Diante de tantos descasos será que é racional colocar a vida das presentes e futuras gerações em risco, em nome do lucro, de falsas promessas de emprego e em nome do deus dinheiro?
Já vimos este filme antes, os empregos são gerados no máximo durante as obras de instalação do empreendimento depois só a mão de obra especializada tem trabalho.
E o que fica para a população do entorno? Destruição da natureza, miséria, drogas, violência e injustiça social.
Assim como Jesus enviou os seus discípulos em missão (Mt 10, 7 – 8), nós somos chamados a anunciar a boa nova de justiça e cuidado com a Casa Comum, onde tudo está interligado, portanto cuidar da Terra é cuidar do filhos e filhas da Terra.
Cristãos unidos pela Casa Comum!
Fonte: Pastoral Ambiental da Arquidiocese de Olinda e Recife.
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