Por isso, a atitude de perdoar deve ser um exercício de constante amadurecimento.
Portanto, o discípulo deve espelhar-se a viver a atitude de perdoar assim como Deus Pai.
Liturgia do Dia 15 de Agosto – Quinta-feira
XIX SEMANA DO TEMPO COMUM (Verde Ofício do Dia)
Antífona de Entrada
Considerai, Senhor, vossa aliança e não abandoneis para sempre o vosso povo. Levantai-vos, Senhor, defendei vossa causa e não desprezeis o clamor de quem vos busca (Sl 73,20.19.22s).
Oração do dia
Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Josué 3,7-11.13-17)
Leitura do livro de Josué
O Senhor disse a Josué: “Hoje começarei a exaltar-te diante de todo o Israel, para que saibam que, assim como estive com Moisés, assim estarei contigo.
Eis o que ordenarás aos sacerdotes que levam a arca da aliança: quando chegardes ao Jordão, deter-vos-eis junto às águas do rio”.
Então Josué disse aos israelitas: “Aproximai-vos e ouvi as palavras do Senhor, vosso Deus”.
“Por isso”, prosseguiu ele, “sabereis que o Deus vivo está no meio de vós, e que ele expulsará de diante de vós os cananeus, os hiteus, os heveus, os ferezeus, os gergeseus, os amorreus e os jebuseus.
Eis que a arca da aliança do Senhor de toda a terra vai atravessar diante de vós o Jordão.
Logo que os sacerdotes que levam a arca de Javé, o Senhor de toda a terra, tiverem tocado com a planta dos seus pés as águas do Jordão, estas serão cortadas, e as águas que vêm de cima pararão, amontoando-se”.
O povo dobrou suas tendas e dispôs-se a passar o Jordão, tendo diante de si os sacerdotes que marchavam na frente do povo levando a arca.
No momento em que os portadores da arca chegaram ao rio e os sacerdotes mergulharam os seus pés na beira do rio – o Jordão estava transbordante e inundava suas margens durante todo o tempo da ceifa –,
as águas que vinham de cima detiveram-se e amontoaram-se em uma grande extensão, até perto de Adom, localidade situada nas proximidades de Sartã; e as águas que desciam para o mar da planície, o mar Salgado, foram completamente separadas.
O povo atravessou defronte de Jericó.
Os sacerdotes, que levavam a arca da aliança do Senhor, conservaram-se de pé sobre o leito seco do Jordão, enquanto que todo o Israel passava a pé enxuto.
E ali permaneceram até que todos passassem para a outra margem.
Palavra do Senhor.
Ó mar, o que tens tu para fugir?
Salmo Responsorial 113A/114
Aleluia, aleluia, aleluia.
Quando o povo de Israel saiu do Egito
e os filhos de Jacó, de um povo estranho,
Judá tornou-se o templo do Senhor
e Israel se transformou em seu domínio.
O mar, à vista disso, pôs-se em fuga,
e as águas do Jordão retrocederam;
as montanhas deram pulos como ovelhas,
e as colinas, parecendo cordeirinhos.
Ó mar, o que tens tu para fugir?
E tu, Jordão, por que recuas desse modo?
Por que dai pulos como ovelhas, ó montanhas?
E vós, colinas, parecendo cordeirinhos?
Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e mandamentos! (Sl 118,135)
Evangelho (Mateus 18,21-19,1)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Então Pedro se aproximou dele e disse: “Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?”
Respondeu Jesus: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos.
Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.
Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida.
Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!’
Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida.
Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários.
Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: ‘Paga o que me deves!’
O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: ‘Dá-me um prazo e eu te pagarei!’
Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida.
Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado.
Então o senhor o chamou e lhe disse: ‘Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste.
Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti?’
E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida.
Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração”.
Após esses discursos, Jesus deixou a Galiléia e veio para a Judéia, além do Jordão.
Palavra da Salvação.
Pois, é preciso sempre buscar viver o perdão
Hoje a liturgia nos chama a atenção que a atitude de perdoar deve ser um exercício de constante amadurecimento, pois sempre se fará necessário agir com misericórdia.
Dessa forma, como sabemos, no tempo de Jesus, os rabinos discutiam a respeito de quantas vezes a pessoa ofendida era obrigada a perdoar. Chegava-se ao número máximo de quatro vezes.
Pedro, para mostrar-se generoso, propôs uma quantidade maior: sete vezes.
A “generosidade” do apóstolo
Assim, a “generosidade” do apóstolo fazia uma espécie de contraponto com um episódio do Antigo Testamento, no qual Lamec, descendente de Caim, prometeu vingar-se sete vezes de quem levantasse a mão contra ele.
Diante disso, à máxima vingança, Pedro pensava contrapor o máximo perdão. Enganou-se!
Ou seja, o discípulo do Reino deve estar disposto a atitude de perdoar, não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete vezes, ou seja, sempre.
Nesse sentido, a parábola do servo cruel oferece o fundamento teológico da postura do discípulo: este deve agir de forma idêntica ao agir de Deus.
Deus está sempre pronto a perdoar as ofensas dos seres humanos, por maiores que elas sejam.
Foi o que fez o senhor do Evangelho. Bastou que o devedor lhe suplicasse clemência, para se ver logo perdoado.
Por isso, a contrapartida do gesto divino deve acontecer em forma de perdão das ofensas recebidas.
Pois, quem foi perdoado por Deus deve dispor-se a perdoar.
Mas, quem age de maneira diferente não pode contar com o perdão divino.
Esta foi a sorte do servo cruel que se recusou a perdoar uma pequena dívida de seu companheiro.
Portanto, o discípulo deve espelhar-se no comportamento misericordioso de Deus.
Oração
Pai, predispõe meu coração para o perdão, e que eu esteja sempre disposto a perdoar e a querer viver reconciliado com meu semelhante.